Corrida à casa branca

À espera da reação dos mercados no primeiro dia após a desistência de Biden

Bolsa norte-americana já havia começado a recuar na última semana, após apagão cibernético. Para investidores, é preciso ficar atento aos movimentos da ala política e o quanto isso pode afetar o câmbio e as ações das empresas

No dia seguinte ao anúncio da desistência da candidatura do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à reeleição, na tarde de ontem, investidores devem ficar atentos em relação ao comportamento das principais bolsas de valores do mundo. Na última semana, o mercado internacional tinha recuado devido à pane cibernética no sistema operacional da Microsoft, afetando serviços bancários e voos nos aeroportos no mundo todo.

Os índices futuros dos Estados Unidos registravam relativa tranquilidade e leve alta na noite de ontem, marcando os primeiros movimentos após a desistência de Biden. O Índice Nasdaq futuro tinha alta de 0,15%, o Dow Jones futuro subia 0,04%, até o fechamento desta edição.

Vale lembrar que, na sexta-feira, a Dow Jones recuou 0,93%, e a bolsa das empresas de tecnologia Nasdaq, caiu 0,81%. Os movimentos na sessão de sexta-feira refletiu o aumento da incerteza com a pane cibernética em um mercado já ansioso por natureza. As ações da Crowd-Strike, principal responsável pela pane, desabaram acima de 11% no no pregão de sexta. O mal-estar também foi sentido no Brasil, onde o Índice Bovespa encerrou a semana em queda de quase 1%.

De acordo com especialistas, os investidores devem ficar atentos ao cenário político norte-americano, uma semana depois da tentativa de assassinato do republicano Donald Trump, Biden disse nesta tarde que não buscará a reeleição e apoiou a vice-presidente Kamala Harris para se tornar a candidata democrata. Operadores financeiros se dividem quanto aos efeitos de uma eleição de Trump no câmbio. Enquanto uma postura agressiva contra a China levaria a uma alta do dólar, alguns chegam a apostar em uma possível desvalorização da moeda por Trump para incentivar a compra de produtos norte-americanos. Isso levaria a uma desaceleração dos preços no Brasil, mas também a uma desvalorização das exportações brasileiras, segundo os analistas. Eles lembram que, mais uma vez, o cenário incerto atinge em cheio os mercados emergentes e, certamente, haverá mais volatilidade nas bolsas e no câmbio.

"Os investidores buscarão entender como as políticas de Harris se comparam às de Biden, especialmente em áreas como regulação financeira, tributação e políticas ambientais. Isso em um momento em que a consolidação de Trump acaba aumentando", destacou Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.

Além da indefinição pelo lado democrata, a campanha de Trump pode gerar oscilações não apenas nas bolsas dos EUA. Para o economista da Bluemetrix Asset, Renan Silva, o mercado ainda possui certo temor em relação às políticas expansionistas do republicano. "Esse temor pressiona a inflação, e, ao mesmo tempo, reduz a arrecadação de um Estado extremamente alavancado, com endividamento acima do teto dos gastos há mais de um ano e que levou ao rebaixamento dos EUA", explicou.

 

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