ESTADOS UNIDOS

'Era uma vez um sonho': como livro de memórias de vice de Trump J.D. Vance virou fenômeno nos EUA

Livro foi publicado em 2016 e adaptado para o cinema logo depois. Agora, obra se tornou alvo de controvérias devido à nomeação do senador para a vice-presidência na chapa de Donald Trump.

Os eleitores norte-americanos receberam na segunda-feira (15/07) a notícia de que o senador J.D. Vance foi a escolha de Donald Trump para ser seu vice nas eleições presidenciais deste ano. Em questão de horas, o livro de memórias do político se tornou alvo de busca e resenhas.

Publicado em 2016 com o título em inglês Hillbilly Elegy (elegia caipira, em tradução livre) e lançado no Brasil com o nome Era uma vez um sonho, a obra conta a história da educação de Vance na região dos Apalaches, em sua terra natal, no estado de Ohio.

A obra oferece um vislumbre do que ele acredita ser a vida dos pobres que vivem nas áreas rurais.

O livro tornou-se agora um novo foco de disputa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Alguns críticos de Vance dizem que ele demonstra falta de compreensão do que significa ser oriundo daquela região. Outros sustentam o oposto.

Os apoiadores deste político emergente do Partido Republicano também ficaram cativados pelo livro e o compraram em massa.

Além disso, a adaptação cinematográfica do livro voltou a fazer sucesso nas plataformas de streaming, algo que, segundo os apoiadores de Vance, mostra que ele é um "homem do povo".

'Bombardeio de resenhas'

Getty Images
J.D. Vance foi anunciado como candidato a vice-presidente na chapa de Trump

O livro se tornou um tópico de conversa na internet tão popular que o site de recomendação de livros Goodreads bloqueou novas resenhas depois que Trump nomeou o senador de Ohio como seu companheiro de chapa.

A partir de terça-feira (16/07), os usuários que entraram na plataforma se depararam com uma janela pop-up que dizia:

"A classificação deste livro está temporariamente indisponível. Este livro tem restrições ao envio de classificações e resenhas. Isso pode ocorrer porque encontramos um comportamento incomum que não segue nossas diretrizes."

É provável que a medida busque evitar que usuários façam resenhas negativas de algo por motivos não relacionados ao livro em si.

Questionado pela BBC, a Goodreads não comentou sobre a restrição.

O "bombardeio de resenhas", que normalmente ocorre com filmes, livros e restaurantes após alguma polêmica, tornou-se uma forma cada vez mais comum das pessoas compartilharem sua aversão por algo e em uma tentativa de sabotar um produto, lugar ou pessoa.

Na era da internet, essa prática se tornou cada vez mais popular.

Aconteceu com a aclamada escritora de "Comer, Rezar, Amar", Elizabeth Gilbert, depois que ela publicou um livro no ano passado que alguns leitores disseram que "glorificava" os russos.

As resenhas dos leitores bombardearam o livro a tal ponto que Elizabeth Gilbert suspendeu a publicação.

Além das resenhas do livro de Vance, a adaptação cinematográfica também tem sido alvo de críticas.

Nos últimos dias, o Letterboxd, equivalente do Goodreads para filmes, também teve um aumento nas críticas ao filme dirigido por Ron Howard e estrelado por Glenn Close e Amy Adams.

Mas nem tudo é ódio.

O livro, em versão brochura ou capa dura, ocupa atualmente as posições 1 e 2 dos mais vendidos da Amazon.

O filme, que foi lançado em 2020 e recebeu várias indicações ao Oscar na época, subiu para o sexto lugar no top 10 dos filmes mais populares da Netflix um dia depois de ter sido anunciado que ele era um candidato à vice-presidência.

Getty Images
Vance publicou suas memórias em 2016, quando era um crítico de Trump.

E embora o livro de memórias conte a história da formação de Vance , sua publicação marcou o lançamento de sua carreira política.

A obra fez de Vance um autor bestseller do jornal "The New York Times" e lhe deu uma plataforma nacional que ele usou para se tornar senador por Ohio.

Ele agora é o candidato republicano a vice-presidente.

Mais Lidas