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Análise: Com a saída de Biden, tudo muda na disputa

O primeiro desafio de Harris será escolher um candidato a vice-presidente que possa fortalecer sua posição nos sete estados-chave que determinarão o resultado da eleição: Arizona, Geórgia, Michigan, Minnesota, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin

Com a desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição, Kamala Harris despontou como nome favorito para preencher a vaga de candidata do Partido Democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
 -  (crédito:  Instagram @kamalaharris)
Com a desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição, Kamala Harris despontou como nome favorito para preencher a vaga de candidata do Partido Democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. - (crédito: Instagram @kamalaharris)

Por James N. Green* — A decisão do presidente Joe Biden de não concorrer à reeleição deu uma revirada na dinâmica das eleições nos Estados Unidos. Agora, que setores significativos do Partido Democrata conseguiram convencer Biden a retirar a sua candidatura, é altamente provável que a legenda se una em torno de Kamala Harris. O fato de a notícia ter atraído US$ 50 milhões em novas doações, em questão de horas, mostra o desejo da base do Partido Democrata de encontrar um candidato viável para derrotar o ex-presidente republicano Donald Trump Trump.

O primeiro desafio de Harris será escolher um candidato a vice-presidente que possa fortalecer sua posição nos sete estados-chave que determinarão o resultado da eleição: Arizona, Geórgia, Michigan, Minnesota, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. A possível candidatura mais interessante será a de Gretchen Whitmer, governadora de Michigan, que foi ameaçada de sequestro por organizações de extrema-direita há vários anos. Ela é forte e articulada. Ter duas mulheres na chapa seria um claro contraste com Trump e com J.D. Vance. Embora seja uma escolha improvável, certamente provocaria comentários misóginos por parte dos republicanos, alienando um setor social chave nas próximas eleições: as mulheres brancas de classe média.

Conhecidas como independentes, essas mulheres, que por vezes votam nos republicanos, afastaram-se de Trump em 2020, devido à sua linguagem agressiva e sexista. Elas passaram a apoiar a candidatura de Biden e tornaram-se um setor crucial de eleitores que ajudou a elegê-lo para a presidência. As mulheres também se mobilizarão para votar nas eleições em vários estados em defesa dos seus direitos reprodutivos, dada a decisão do Supremo Tribunal em 2022 de anular uma decisão de 50 anos que garantia às mulheres o direito ao aborto.

Existem 13 iniciativas eleitorais, ou seja, referendos sobre projetos de leis, que possivelmente estarão em jogo nas eleições de novembro. São projetos de lei para modificar as constituições estaduais que garantiriam o direito ao aborto. Desde 2022, cinco iniciativas diferentes para controlar o direito ao aborto, inclusive em estados muito conservadores, falharam nas urnas. Os novos plebiscitos têm a possibilidade de mobilizar as mulheres e os seus aliados para votarem. A maioria também votará em Kamala Harris, que tem sido uma defensora declarada do direito ao aborto.

Nas últimas duas semanas, desde o fraco desempenho de Biden no primeiro debate presidencial, o mundo tem demonstrado preocupação com uma possível vitória de Trump. A disputa eleitoral já foi reiniciada.

Kamala Harris foi a procuradora-geral da Califórnia e representa os moderados do Partido Democrata. Ela enfrentará Trump bem em qualquer debate, tendo em mente que ele foi condenado por agressão sexual, em Nova York, outro termo para a violação de uma mulher. Harris conseguirá unir a base tradicional do Partido Democrata. Se ela conseguir mobilizar esses eleitores "independentes", poderá realmente derrotar Trump.

*James N. Green é professor emeritus de Brown University e presidente do Conselho Diretivo do Washington Brazil Office

 

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postado em 23/07/2024 05:00
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