Após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar no domingo (21/7) que abandonaria a campanha pela reeleição, cresceram as especulações sobre quem irá substituí-lo como nome do Partido Democrata na disputa contra o ex-presidente Donald Trump.
Biden, que completará o restante de seu atual mandato, endossou a vice-presidente, Kamala Harris, para substituí-lo como candidato do Partido Democrata nas eleições marcadas para 5 de novembro.
A decisão aconteceu a um mês para a Convenção Nacional Democrata, que oficializa a chapa para as eleições.
A seguir, você confere um guia do que vai acontecer daqui em diante.
- Joe Biden desiste de tentar reeleição nos EUA e apoia Kamala Harris - o que acontece agora
- O que a desistência de Biden significa para Kamala Harris, os democratas e Trump
- Kamala Harris poderia vencer Trump se substituísse Biden como candidata presidencial?
O que acontece agora?
O último presidente dos EUA em exercício que abandonou uma campanha pela reeleição foi Lyndon Baines Johnson, em 1968.
Devido à falta de precedentes, o cronograma para nomear um novo candidato tão próximo ao dia da eleição ainda não está claro.
O presidente Biden já havia conquistado 3.896 delegados, número que supera de longe o mínimo que ele precisava para garantir a indicação do partido.
Embora o apoio de Biden faça de Kamala Harris a escolha mais provável para a indicação, os delegados ainda não estão comprometidos com um candidato específico.
Em última análise, caberá a eles votar em quem acharem melhor.
Pode acontecer uma convenção aberta?
A Convenção Nacional Democrata está programada para começar em 19 de agosto.
Se o partido não se unir para apoiar um novo candidato, poderá preparar o cenário para uma convenção aberta pela primeira vez desde 1968.
Isso significa que os delegados decidiriam em quem votar. Os candidatos a liderar a chapa precisam das assinaturas de pelo menos 300 delegados (não mais do que 50 assinaturas vindas de um único Estado) para que o nome do concorrente apareça na cédula de votação.
Na sequência, há uma rodada inicial de votação entre os 3.900 delegados, que inclui eleitores considerados leais ao Partido Democrata.
Se nenhum candidato receber a maioria dos votos após esse primeiro turno, novas rodadas de votação são realizadas. Isso inclui a participação de superdelegados — líderes partidários e funcionários públicos eleitos — que votam até que um candidato seja escolhido.
Para garantir a indicação do partido, um candidato precisa de pelo menos 1.976 votos de delegados.
Como Kamala Harris aparece na disputa
A vice-presidente Kamala Harris, de 59 anos, é, neste momento, a melhor posicionada para substituir Biden na cabeça de chapa.
Logo após a desistência do presidente no domingo (21/7), Harris confirmou a intenção de "ganhar essa indicação" e tentar vencer Trump nas eleições de novembro.
Para isso, ela conta com o apoio do próprio Biden, que deixou isso claro na mensagem de desistência.
O ex-presidente Bill Clinton, que governou o país entre 1993 e 2001, e sua esposa Hillary Clinton, que concorreu contra Trump em 2016, também correram para apoiá-la.
Em uma declaração publicada no X (o antigo Twitter), eles disseram que "farão tudo que puderem para apoiá-la".
Além disso, pelo menos 35 representantes democratas e 14 senadores expressaram apoio à campanha de Kamala Harris no domingo.
Entre eles estão Adam Schiff, candidato democrata ao Senado na Califórnia e aliado de Nancy Pelosi; Jim Clyburn, amigo de Joe Biden que elogiou a escolha de Harris como vice-presidente; e Ted Lieu, vice-presidente do Conselho Democrático da Câmara.
Ilhan Omar, uma democrata progressista de Minnesota, também apoiou Harris, assim como Jamie Raskin, de Maryland, que enfatizou a unidade partidária, Robert Garcia, da Califórnia, aliado de Harris 2020, e Val Hoyle, do Oregon.
A Associação de Comitês Democráticos Estaduais (ASDC) também anunciou que a "maioria esmagadora" dos 57 líderes estaduais do Partido Democrata era a favor de endossar Kamala Harris para substituir Biden.
Quem pode competir com Kamala Harris?
À medida que aumentavam os pedidos para que Biden desistisse da corrida eleitoral nas últimas semanas, surgiram vários substitutos em potencial.
A governadora democrata de Michigan, Gretchen Whitmer, foi apontada como uma possível candidata, embora tenha afirmado que não consideraria concorrer se o atual presidente se retirasse da disputa.
No domingo, minutos após o anúncio de Biden, Whitmer disse que faria tudo o que pudesse "para eleger democratas e deter Donald Trump".
Outras opções incluem o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, e o governador de Illinois, JB Pritzker.
Alguns desses nomes poderiam ser considerados para o cargo de vice-presidente se Kamala Harris vencesse a indicação.
O secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, também apareceram como possíveis candidatos, mas são considerados menos propensos a concorrer, já que ambos publicaram mensagens de apoio à candidatura de Kamala Harris nas últimas horas.
O que acontece com as doações de campanha de Biden?
Um fator que fortalece Kamala Harris é que ela já arrecadou recursos para a campanha.
A vice-presidente tem uma vantagem financeira significativa, com US$ 96 milhões de dólares disponíveis (R$ 538 milhões), o que a permitiria continuar a campanha sem interrupção.
Se outro candidato fosse escolhido, a situação financeira poderia se complicar, pois, em princípio, o dinheiro teria que ser reembolsado aos doadores — embora existam algumas alternativas, consideradas caras e problemáticas.
Uma opção viável seria transferir esses fundos diretamente para o Comitê Nacional Democrata, como o empresário e político Michael Bloomberg fez em 2020, ao fornecer apoio financeiro considerável ao então candidato Joe Biden.
Outra opção seria votar em um candidato bilionário, como o governador JB Pritzker, que poderia autofinanciar a campanha e igualar os recursos do rival republicano.
Além disso, o comportamento de pequenos doadores será um fator crucial durante esse período de incertezas.
Embora um novo candidato possa gerar entusiasmo e atrair novas doações, também existe o risco de que a arrecadação de fundos diminua se o novo candidato se mostrar menos competitivo do que Biden.
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