Isabella Almeida e Rodrigo Craveiro
Perguntas sem respostas marcam o início da investigação sobre o atentado que por muito pouco não tirou a vida do ex-presidente Donald Trump, no fim da tarde de sábado, durante comício em Butler (Pensilvânia). O FBI — a polícia federal dos Estados Unidos — concluiu que o atirador, Thomas Matthew Crooks, 20 anos, agiu sozinho e utilizou um fuzil AR 15 de calibre .556 comprado ilegalmente. O criminoso tinha se registrado como um republicano, depois de fazer uma contribuição para um grupo alinhado aos democratas. De acordo com as autoridades, não existia nenhuma indicação de que Crooks cometeria um ataque contra Trump.
O atentado feriu de raspão a orelha direita do republicano, matou o bombeiro aposentado Corey Comperatore, 50 anos, considerado um herói, depois de se jogar para proteger a família dos disparos. Outros dois eleitores, de 31 e de 74 anos, estão hospitalizados em condição estável. O crime é tratado pelo FBI como terrorismo doméstico -quando há intenção de intimidar, coagir ou influenciar políticas governamentais— e tentativa de homicídio.
A Casa Branca confirmou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adversário político de Trump, vai acompanhar pessoalmente as investigações. O democrata prometeu disponibilizar todos os recursos necessários para apurar o crime e determinou um inquérito independente.
"No momento, as informações que temos apontam que o autor dos disparos agiu sozinho", anunciou Kevin Rojek, agente do FBI na Pensilvânia, onde ocorreu a tentativa de assassinato na véspera. O fuzil usado por Crooks teria sido comprado pelo pai do jovem seis meses atrás. Não se sabe, no entanto, se o atirador teve acesso ao armamento sem que sua família tivesse conhecimento.
O atentado
Usando uma camisa branca, paletó escuro e um boné vermelho com seu slogan Make America Great Again ("Faça a América Grande Novamente"), Trump criticava a imigração ilegal quando foram ouvidos quatro tiros sucessivos, às 18h11 (19h11 em Brasília). Ele colocou a mão na orelha direita, enquanto alguém gritava "Abaixa!", antes do quinto e do sexto tiros. O republicano se jogou atrás do palanque, enquanto agentes do Serviço Secreto correram para cercá-lo. Em quatro segundos, mais tiros foram ouvidos, e o público começou a se abaixar como era possível, enquanto mais agentes do Serviço Secreto correram até o palco.
Dezessete segundos após os primeiros tiros, o disparo final foi ouvido e uma mulher gritou. Três integrantes das forças de segurança fortemente armados subiram no palanque, 22 segundos depois do início do tiroteio. Os agentes do Serviço Secreto rapidamente deram instruções, antes de erguerem um abalado Trump."Deixe-me pegar meus sapatos", pediu o republicano, enquanto os agentes formavam um círculo ao seu redor. Treze segundos se passaram e Trump levantou o punho em direção à multidão, que respondeu com aplausos. Quando o ex-presidente foi retirado do local, com o boné na mão, quem acompanhava o comício repetiu várias vezes: "Estados Unidos!".
Antes de ser levado para um veículo e apenas dois minutos após o início da tentativa de assassinato, Trump ergueu o punho mais uma vez e se virou rapidamente em direção à multidão. Enquanto o carro se afastava, membros das forças de segurança fortemente armados chegaram ao local.
Às 20h42, em uma mensagem na sua rede Truth Social, o republicano se pronunciou: "Atiraram contra mim com uma bala que atravessou a parte superior da minha orelha direita". "Eu soube imediatamente que algo estava errado porque ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele."
A Casa Branca informou que Biden recebeu um relatório inicial sobre o incidente às 18h50. Inicialmente, ele divulgou nota e, depois concedeu entrevista coletiva se solidarizando. "Não há espaço nos Estados Unidos para este tipo de violência", afirmou Biden à imprensa em Rehoboth Beach, Delaware.
O atirador
O Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, o FBI, identificou o atirador como Thomas Matthew Crooks, 20 anos, morador de Bethel Park, Pensilvânia, a cerca de 70 km do local da tentativa de assassinato. Filho de classe média, o jovem se identificava como republicano, embora tenha transitado pelo Partido Democrata. Colegas e amigos o descreveram como uma pessoa pacata, reservada e estudiosa. Crooks foi morto a tiros no local, minutos depois do ataque, por um franco-atirador do Serviço Secreto.
As autoridades afirmaram que Crooks disparou vários tiros do telhado de um prédio em frente ao comício, a 140 metros de distância do palco onde estava o candidato à Presidência. O autor do atentado estava armado com um fuzil semiautomático AR-15.556, recolhido ao lado do seu corpo. Dois explosivos foram encontrados dentro de seu carro, estacionado próximo ao local do comício.
Matthew Crooks, de 53 anos, pai de Thomas, disse à emissora CNN que estava tentando descobrir o que havia ocorrido e que esperaria falar com a polícia.Como o jovem não carregava documentos pessoais no momento em que foi morto, os investigadores usaram DNA para identificá-lo. A arma utilizada foi comprada legalmente por Matthew, relataram a emissora ABC News e o jornal The Wall Street Journal.
Apesar de a imprensa americana identificar Crooks como filiado ao Partido Republicano, o jornal The New York Times informa que, em janeiro de 2021, ele doou US$ 15 ao Progressive Turnout Project, que apoia candidatos do Partido Democrata. Segundo a agência de notícias Reuters, um ex-colega de escola de Crooks, que estudou com ele na Bethel Park High School, disse que o atirador tinha interesse em tecnologia, em computadores e em jogos.
Herói
A única vítima fatal do atentado contra o ex-presidente Donald Trump, o bombeiro voluntário aposentado Corey Comperatore, de 50 anos, morreu ao tentar salvar a família — a mulher e as duas filhas. Ele se posicionou exatamente em frente à filha. Em entrevista à imprensa norte-americana, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, chamou Comperatore de "herói".
Jason Bubb, amigo da família, abriu uma vaquinha virtual para pagar o velório e o enterro. Até a tarde de domingo, a campanha tinha superado US$ 180 mil (cerca de R$ 975 mil). A NBC News e o Los Angeles informaram que Shapiro disse ter conversado com a mulher do bombeiro. Segundo ela, o marido se jogou sobre a família para protegê-la, ao escutar o som dos tiros.
Dawn Comperatore, irmã de Corey, desabafou nas redes sociais."O ódio por um homem tirou a vida do homem que mais amávamos. Ele foi um herói. A mulher e as filhas dele apenas viveram o impensável e inimaginável", escreveu. Allyson Camperatore, filha de Corey, também se despediu do pai. "Ele amava a sua família. Ele realmente nos amou o suficiente para levar um tiro verdadeiro por nós."
Falhas da segurança
Apesar de a ação do Serviço Secreto ter levado apenas alguns segundos, após o início do tiroteio, no comício de Donald Trump, especialistas apontam falhas. A principal delas é que o atirador estava no telhado de um edifício, a 140 metros do comício, local que deveria ter sido checado antes do evento.
Ao Correio, Bobby Chacon, agente especial aposentado do FBI (a polícia federal dos EUA), ressaltou que, sempre que uma pessoa protegida é ferida ou morta por ação adversária externa, há o indício de que a missão de segurança falhou. "Uma vez que isso aconteceu, os agentes do Serviço Secreto que guardavam o presidente Trump fizeram um excelente trabalho, ao retirá-lo rapidamente da área de perigo", afirmou.
"O franco-atirador do Serviço Secreto fez um trabalho bom ao atirar e matar o criminoso. A falha foi não ter garantido que o telhado onde ele se posicionou em segurança antes do início do comício. É um erro enorme, pelo qual o Serviço Secreto deverá responder. Acredito que há uma investigação interna para determinar como um erro tão grave foi cometido."
Para o especialista, aumentará o efetivo policial dos candidatos com mais segurança nos comícios. "Parece ter havido muita confusão quanto ao motivo pelo qual a polícia não respondeu mais rapidamente e não perseguiu o suspeito. Uma investigação também deve ser feita sobre essa potencial falha de segurança", defendeu. Audrey Gibson-Cicchino, coordenadora do Serviço Secreto para os republicanos, garantiu que está tudo "totalmente preparado" para a segurança na Convenção Nacional Republicana hoje.
Saiba Mais
"Ele era superinteligente. Ele se destacava", disse o colega, que não se identificou.
Eleitor republicano
O Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, o FBI, identificou o atirador como Thomas Matthew Crooks, 20 anos, morador de Bethel Park, Pensilvânia, a cerca de 70 km do local da tentativa de assassinato. Filho de classe média, o jovem se identificava como republicano, embora tenha transitado pelo Partido Democrata. Colegas e amigos o descreveram como uma pessoa pacata, reservada e estudiosa. Crooks foi morto a tiros no local, minutos depois do ataque, por um franco-atirador do Serviço Secreto.
As autoridades afirmaram que Crooks disparou vários tiros do telhado de um prédio em frente ao comício, a 140 metros de distância do palco onde estava o candidato à Presidência. O autor do atentado estava armado com um fuzil semiautomático AR-15.556, recolhido ao lado do seu corpo. Dois explosivos foram encontrados dentro de seu carro, estacionado próximo ao local do comício.
Matthew Crooks, de 53 anos, pai de Thomas, disse à emissora CNN que estava tentando descobrir o que havia ocorrido e que esperaria falar com a polícia.Como o jovem não carregava documentos pessoais no momento em que foi morto, os investigadores usaram DNA para identificá-lo. A arma utilizada foi comprada legalmente por Matthew, relataram a emissora ABC News e o jornal The Wall Street Journal.
Apesar de a imprensa americana identificar Crooks como filiado ao Partido Republicano, o jornal The New York Times informa que, em janeiro de 2021, ele doou US$ 15 ao Progressive Turnout Project, que apoia candidatos do Partido Democrata. Segundo a agência de notícias Reuters, um ex-colega de escola de Crooks, que estudou com ele na Bethel Park High School, disse que o atirador tinha interesse em tecnologia, em computadores e em jogos.
"Ele era superinteligente. Ele se destacava", disse o colega, que não se identificou. (IA)
Herói salvou a família
A única vítima fatal do atentado contra o ex-presidente Donald Trump, o bombeiro voluntário aposentado Corey Comperatore, de 50 anos, morreu ao tentar salvar a família — a mulher e as duas filhas. Ele se posicionou exatamente em frente à filha. Em entrevista à imprensa norte-americana, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, chamou Comperatore de "herói".
Jason Bubb, amigo da família, abriu uma vaquinha virtual para pagar o velório e o enterro. Até a tarde de domingo, a campanha tinha superado US$ 180 mil (cerca de R$ 975 mil). A NBC News e o Los Angeles informaram que Shapiro disse ter conversado com a mulher do bombeiro. Segundo ela, o marido se jogou sobre a família para protegê-la, ao escutar o som dos tiros.
Dawn Comperatore, irmã de Corey, desabafou nas redes sociais."O ódio por um homem tirou a vida do homem que mais amávamos. Ele foi um herói. A mulher e as filhas dele apenas viveram o impensável e inimaginável", escreveu. Allyson Camperatore, filha de Corey, também se despediu do pai. "Ele amava a sua família. Ele realmente nos amou o suficiente para levar um tiro verdadeiro por nós."(RG)
Falhas na segurança do Serviço Secreto
Apesar de a ação do Serviço Secreto ter levado apenas alguns segundos, após o início do tiroteio, no comício de Donald Trump, especialistas apontam falhas. A principal delas é que o atirador estava no telhado de um edifício, a 140 metros do comício, local que deveria ter sido checado antes do evento.
Ao Correio, Bobby Chacon, agente especial aposentado do FBI (a polícia federal dos EUA), ressaltou que, sempre que uma pessoa protegida é ferida ou morta por ação adversária externa, há o indício de que a missão de segurança falhou. "Uma vez que isso aconteceu, os agentes do Serviço Secreto que guardavam o presidente Trump fizeram um excelente trabalho, ao retirá-lo rapidamente da área de perigo", afirmou.
"O franco-atirador do Serviço Secreto fez um trabalho bom ao atirar e matar o criminoso. A falha foi não ter garantido que o telhado onde ele se posicionou em segurança antes do início do comício. É um erro enorme, pelo qual o Serviço Secreto deverá responder. Acredito que há uma investigação interna para determinar como um erro tão grave foi cometido."
Para o especialista, aumentará o efetivo policial dos candidatos com mais segurança nos comícios. "Parece ter havido muita confusão quanto ao motivo pelo qual a polícia não respondeu mais rapidamente e não perseguiu o suspeito. Uma investigação também deve ser feita sobre essa potencial falha de segurança", defendeu. Audrey Gibson-Cicchino, coordenadora do Serviço Secreto para os republicanos, garantiu que está tudo "totalmente preparado" para a segurança na Convenção Nacional Republicana hoje. (IA)
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