Em uma das mais violentas ofensivas desde o início da invasão na Ucrânia, em fevereiro de 2002, uma onda de bombardeios atribuídos à Rússia deixou, ontem, pelo menos 36 mortos em vários pontos do país. Os ataques atingiram o maior hospital pediátrico ucraniano, em Kiev, o que provocou condenações internacionais. Moscou negou responsabilidade nos atentados, assinalando que os danos foram causados pela queda de mísseis antiaéreos ucranianos.
As consequências da ação levantaram dúvidas sobre o estado das defesas antiaéreas da ex-república soviética, depois de investidas anteriores terem danificado infraestruturas de energia elétrica e aeroportos militares.
"Os terroristas russos voltaram a atacar massivamente a Ucrânia com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pediu uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, além da capital, Kiev, foram atingidas as cidades Dnipro, Kryvyi Rih, Sloviansk e Kramatorsk, localizadas no centro e leste do país.
"Prédios residenciais, infraestruturas e um hospital infantil foram danificados", listou Zelensky, que estava em viagem a Varsóvia. O líder ucraniano é aguardado em Washington, nos Estados Unidos, para a cúpula do 75º aniversário da Otan, entre hoje e quinta-feira. Ele cobrou uma "resposta mais forte" das potências ocidentais a Moscou.
Em Kiev, onde dois hospitais foram atingidos por projéteis, pelo menos 22 pessoas morreram e outras 72 ficaram feridas, segundo as equipes de resgate. Na região central de Dnipropetrovk, ocorreram 11 mortes. Outras três foram registradas em Pokrovsk, mais ao leste, perto da linha de frente, segundo as autoridades. O número de feridos chegou a 137.
"A Rússia não pode dizer que não sabe onde os seus mísseis caem e deve assumir total responsabilidade", postou Zelensky na rede social X. O governo de Vladimir Putin, por sua vez, garantiu que tinha como alvo "instalações militares". As imagens, segundo os russos, mostram que os danos foram causados pela queda de mísseis antiaéreos ucranianos.
Kiev, no entanto, destacou que o hospital pediátrico Okhmatdyt foi atingido por um míssil Kh-101/X-101. Centenas de pessoas, incluindo equipes de resgate, familiares e policiais, correram para ajudar as vítimas e limpar os escombros em busca de sobreviventes.
Reações
A comunidade internacional reagiu ao episódio. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considerou que os ataques contra o hospital infantil e o outro centro médico "são particularmente chocantes", segundo declarou seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
"A Rússia ataca sem piedade os civis ucranianos", indignou-se o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell. A coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia, Denise Brown, condenou "com firmeza" os bombardeios e disse que a morte de crianças é "inconcebível".
Os Estados Unidos consideraram o ataque a um hospital infantil de Kiev "selvagem" e deliberado, nas palavras do porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. "São lugares sem nenhuma finalidade militar. Não abrigam ativos militares ucranianos, nem membros do Exército ucraniano. São infraestrutura civil, pura e simplesmente", disse Miller. A França também denunciou "atos bárbaros", o Reino Unido classificou o ataque como "atroz" e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, reprovou o ato "odioso".
"É muito importante que o mundo não se cale e que todos vejam o que a Rússia faz", declarou Zelensky. Ao lado do primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, fez um minuto de silêncio pelas vítimas.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br