Estados Unidos

EUA: Em queda nas pesquisas, Biden insiste na disputa pela Casa Branca

A Casa Branca e o próprio presidente voltam a descartar desistência da disputa em 5 de novembro. Mais um deputado pede ao democrata que abandone a campanha. Sondagem mostra avanço do republicano Donald Trump

Joe Biden chega ao Salão Leste da Casa Branca para participar de cerimônia da Medalha da Honra: futuro político em xeque  -  (crédito: Jim Watson/AFP)
Joe Biden chega ao Salão Leste da Casa Branca para participar de cerimônia da Medalha da Honra: futuro político em xeque - (crédito: Jim Watson/AFP)

O suspense tomou conta da campanha democrata. Uma semana depois da atuação desastrosa de Joe Biden no debate com o magnata republicano — o presidente teve dificuldades para concluir o raciocínio e para se articular —, a Casa Branca foi veemente em esclarecer que ele não desistirá da reeleição. "Absolutamente, absolutamente não", respondeu a jornalistas a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, ao ser questionada se Biden abandonará a corrida presidencial. Ela assegurou que a mesma mensagem "vem diretamente da campanha". A declaração da assessora de imprensa parece ter sido providencial e foi complementada por uma fala do próprio Biden.

Em mensagem enviada por e-mail a assessores de campanha, ele avisou: "Deixe-me dizer isso da maneira mais clara e direta possível: estou concorrendo". "Ninguém está me expulsando, não vou embora. Estou nessa corrida até o fim e nós venceremos", declarou Biden. Horas antes, o jornal The New York Times havia divulgado que, em conversa com aliados, Biden teria afirmado que os próximos dias serão cruciais e que compreende sobre a impossibilidade de salvar a própria candidatura, se não conseguir convencer os eleitores sobre a aptidão para o novo mandato. A rede de televisão CNN também entrevistou uma fonte próxima ao democrata de 81 anos. Sob a condição de anonimato, ela disse que Biden está "lúcido" e reiterou o caráter decisivo dos próximos dias. Jean-Pierre desmentiu que o presidente estaria aberto a pensar sobre a desistência. "É absolutamente falso", comentou a assessora.

O tempo se esvai. Em apenas 46 dias, a Convenção Nacional Democrata reunirá delegados, ativistas e líderes do partido para confirmar o político que terá a missão de confrontar o magnata Donald Trump nas eleições de 5 de novembro. Nas fileiras do Partido Democrata, um segundo congressista sugeriu a Biden que dê lugar a um novo candidato. "Se ele for o candidato, eu o apoiarei. Mas acho que é uma oportunidade para buscar outro lugar. O que ele precisa fazer é assumir a responsabilidade de manter o cargo — e parte dessa responsabilidade é sair dessa disputa", defendeu Raúl Grijalva, deputado pelo estado do Arizona.

Na terça-feira (2/7), o também deputado Lloyd Doggett, do Texas, tinha recomendado ao presidente renunciar à chapa. Entre os doadores de campanha, Reed Hastings, cofundador da plataforma de filmes e séries Netflix, disse que Biden "precisa se afastar para que permitir que um líder democrata vigoroso derrote Trump" e mantenha os EUA "prósperos e seguros". 

Uma nova pesquisa do NY Times e do Siena College mostra que Trump ampliou a vantagem em relação a Biden. Caso as eleições fossem hoje, o republicano teria 49% dos votos, enquanto o democrata ficaria com 43%, a maior diferença desde o começo da campanha. Entre os norte-americanos entrevistados, 74% dos eleitores externaram preocupação com a idade do atual presidente.

Decisão final

Especialista em política pública da Universidade da Cidade de Nova York, Heath Brown explicou ao Correio que a decisão sobre manter a candidatura ou não é "incrivelmente difícil". "Foi uma decisão dura para ele disputar em 2016 e continua sendo assim. O presidente Biden serviu aos EUA durante décadas e isso certamente pesa neste momento", comentou. Ele destacou que a decisão final cabe, única e exclusivamente, a Biden. "Os democratas não o substituirão na Convenção Nacional, a menos que ele mesmo peça", observou. 

O historiador político James Naylor Green, professor da Universidade Brown (em Rhode Island), afirmou à reportagem que acredita na determinação de Biden de levar a campanha até o fim. "Ele tem isso em mente. Por isso, foi candidato em 2020. Se ele renunciar, não sei quem poderia assumir, neste momento, e apresentar condições de derrotar Trump. Falam sobre a ex-primeira-dama Michelle Obama, mas ela não quer ser candidata. Kamala Harris, a atual vice, também não tem capacidade de assumir", avaliou. Green alertou que os democratas não têm escolha a não ser apoiar Biden. Ele lembrou que Barack Obama e George W. Bush tiveram desempenhos ruins em debates, mas recuperaram prestígio. "Há um pânico aumentado, especialmente porque o NY Times pediu a renúncia dele. Isso não ocorrerá, pois não existe alternativa."

Kamala tem se esforçado em um equilíbrio político, na tentativa de defender o colega de chapa. "Joe Biden é nosso candidato, derrotamos Donald Trump uma vez e vamos derrotá-lo novamente", disse ela, na terça-feira, à emissora CBS News, afirmando estar "orgulhosa" de fazer campanha ao lado do presidente dos EUA. "O candidato democrata em 2024 deveria ser Kamala", escreveu o ex-democrata Tim Ryan em um artigo na revista Newsweek.

EU ACHO...

Heath Brown, especialista em política pública da Universidade da Cidade de Nova York
Heath Brown, especialista em política pública da Universidade da Cidade de Nova York (foto: Arquivo pessoal )

"Há realmente somente um democrata apto a disputar a Presidência dos EUA. Essa pessoa é Biden, a quem os eleitores escolheram nas primárias deste ano. A vice-presidente Kamala Harris tem estado pronta, pelos últimos quatro anos, caso algo ocorra a Biden. E ela permanece assim."

Heath Brown, especialista em política pública da Universidade da Cidade de Nova York

 

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postado em 04/07/2024 06:01
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