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Estados Unidos

Aliados democratas e pesquisas pressionam Biden a desistir das eleições

O deputado Lloyd Doggett se torna o primeiro democrata a defender que o presidente desista da reeleição. Nancy Pelosi, ex-líder da Câmara, afirma ser "legítimo" questionar a saúde do aliado político. Sondagens reforçam favoritismo de Trump

Joe Biden discursa no Centro de Operações de Emergência, em Washington: à espera da temporada de furacões e tormenta política  -  (crédito: Jim Watson/AFP)
Joe Biden discursa no Centro de Operações de Emergência, em Washington: à espera da temporada de furacões e tormenta política - (crédito: Jim Watson/AFP)

Em meio à divulgação de várias pesquisas que mostram o magnata republicano Donald Trump ganhando terreno entre o eleitorado, a pressão para uma desistência do presidente Joe Biden de concorrer à reeleição cresceu nas últimas horas e ganhou a adesão de congressistas democratas. A ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi, 84 anos, nome bastante influente dentro do partido governista, considerou "legítimo" questionar a saúde de Biden depois de sua participação desastrosa no debate de 27 de junho. "Acho legítimo perguntar: 'Isso foi um incidente ou é uma condição?'", afirmou à emissora MSNBC.

Por sua vez, Lloyd Doggett, deputado democrata pelo Texas, tornou-se o primeiro a fazer um apelo público para que Biden abandone a disputa. "Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o compromisso inicial do presidente Biden sempre foi com nosso país, não consigo mesmo, espero que ele tome a difícil e dolorosa decisão de se retirar", declarou. "Respeitosamente, peço isso a ele." Sob condição de anonimato, outro congressista democrata disse à emissora CNN que ele colegas "estão profundamente preocupados com a trajetória de Biden e com sua capacidade de ganhar as eleições". "Queremos dar a ele espaço para tomar uma decisão (de se retirar), mas seremos cada vez mais incisivos sobre nossas preocupações se Biden não fizer", avisou. 

Lloyd Doggett, congressista da Câmara dos Deputados: "Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o compromisso inicial do presidente Biden sempre foi com nosso país, não consigo mesmo, espero que ele tome a difícil e dolorosa decisão de se retirar"
Lloyd Doggett, congressista da Câmara dos Deputados: "Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o compromisso inicial do presidente Biden sempre foi com nosso país, não consigo mesmo, espero que ele tome a difícil e dolorosa decisão de se retirar" (foto: X/Reprodução )

Na noite desta terça-feira (2/7), Biden atribuiu a atuação no debate ao cansaço acumulado pelas viagens internacionais, mas afirmou que "não é uma desculpa, é uma explicação". "Não foi muito inteligente ter viajado pelo mundo todo duas vezes (...) pouco antes do debate", disse. "Não dei ouvidos à minha equipe e quase dormi no palco." A Casa Branca assegurou que "não se justifica, nem é necessário" que ele seja submetido a um teste cognitivo.

O presidente sentiu-se encorajado a permanecer na disputa após receber o aval de figuras importantes do Partido Democrata, como os antecessores Barack Obama e Bill Clinton. Biden terá uma reunião com governadores democratas, hoje, em que eles expressarão preocupações em relação ao desempenho do chefe de Estado no último debate.

Oportunidade

Cientista político da Universidade de Chicago, John Mark Hansen disse ao Correio que Biden e os democratas deveriam ver o momento não como um problema, mas como "uma oportunidade para virarem a mesa da corrida eleitoral e eliminarem todas as coisas que possam levar à hesitação em torno da candidatura". "Antes do debate, a disputa estava acirrada, e a chance para os democratas é de entregar a candidatura a um político que possa fazer melhor e que tenha apelo entre os eleitores avessos a Trump. Biden teria que escolher alguém jovem para pegar o bastão e vencer o revezamento."

Pesquisa da emissora CNN mostra que três quartos dos eleitores acreditam que os democratas têm melhores chances de manter a Presidência dos EUA se Biden não for o escolhido do partido para as eleições de 5 de novembro. De acordo com a sondagem, Trump venceria o pleito, com 49% dos votos contra 43% no voto popular. Em uma disputa entre Trump e a atual vice de Biden, Kamala Harris, haveria um empate técnico: 47% a 45% para o republicano. O magnata também derrotaria qualquer de três candidatos hipotéticos — o governador da Califórnia, Gavin Newsom (48% a 43%); o secretário de Transportes, Pette Buttigieg (47% a 43%); e o governador do Michigan, Gretchen Whitmer (47% a 42%).

Uma sondagem da Ipsos/Reuters aponta que 32% dos democratas querem a desistência de Biden. Em uma virtual disputa com Trump, a ex-primeira-dama Michelle Obama, mulher de Barack Obama, ganharia com folga: 50% a 39% dos votos.

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postado em 03/07/2024 06:00
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