A possibilidade de o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e do candidato a primeiro-ministro, Jordan Bardella, chegar ao poder impôs ao presidente da França, Emmanuel Macron, menos de uma semana de gestões políticas para evitar um desastre.
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Depois de amargar apenas uma terceira colocação no primeiro turno, no último domingo (30/6), com 20% dos votos, Macron convocou uma "aliança ampla" contra a extrema direita para a nova rodada de votação, em 7 de julho. No entanto, ele não esclareceu se apoiará os candidatos da esquerda radical.
O atual premiê francês, Gabriel Attal, não se furtou em adotar um tom catastrófico, na noite de domingo, enquanto os votos eram contados. "A extrema direita está às portas do poder; nenhum voto deve ir para o RN", alertou Attal. O RN conseguiu mais de 33% dos votos e abriu caminho para conquistar a maioria simples, ou mesmo absoluta, dos 577 assentos da Assembleia Nacional. Nesse cenário, a França teria o primeiro governo de extrema direita em 79 anos.
A primeira página do jornal Liberátion, de esquerda, foi explícita em seu pedido: "Após o choque, formar uma frente unida". A manchete era acompanhada de uma fotografia, em preto e branco, de Bardella. O principal entrave para uma aliança de emergência com partidos, como A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), está no fato de o próprio Macron ter se recusado a pedir votos para os candidatos da legenda e por ter se referido ao partido como "antissemita e antiparlamentar".
Chances mínimas
De acordo com Jean-Yves Camus, cientista político do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, em Paris, as chances de Macron de evitar que o Reagrupamento Nacional vença no domingo e chegue ao poder são mínimas. "O presidente não disse nada claro sobre como seus eleitores deveriam votar quando um candidato do RN se opusesse à esquerda. Ainda parece que Macron crê que um gabinete do Reagrupamento Nacional mostrará rapidamente a falta de competência do partido, e que a França voltará as costas para Bardella. É outra aposta arriscada", afirmou ao Correio.
Camus aposta que, caso Bardella seja efetivado premiê, em um cenário de maioria absoluta da extrema direita na Assembleia Nacional, Macron será um líder fraco. "Tudo o que podemos esperar é que o Reagrupamento Nacional não alcance a maioria absoluta e possa formar uma coalizão de todos os moderados, mas é algo muito improvável."
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