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Direito de defesa virou direito de vingança, diz Lula sobre Gaza

Em reunião na Itália, o presidente brasileiro também comentou sobre a guerra na Ucrânia e a proposta de taxar bilionários.

Na reunião de integrantes do G7 com países convidados e o papa Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou parte dos seus minutos de fala para criticar o que chamou de uso de "direito de vingança" em Gaza, sem mencionar Israel.

"Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança. Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças", disse o presidente durante a reunião, que acontece na região da Puglia, na Itália.

Sobre a Guerra na Ucrânia, Lula disse que o Brasil "condenou de maneira firme" a invasão russa.

"Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. Somente uma conferência internacional que seja reconhecida pelas partes, nos moldes da proposta de Brasil e China, viabilizará a paz."

Um dia antes, em Genebra, Lula disse que a falta de diálogo entre as autoridades da Ucrânia e da Rússia sinaliza que eles "estão gostando da guerra".

"Tem que ter um acordo. Agora, se o Zelensky diz que não tem conversa com Putin, Putin diz que não tem conversa com Zelensky, é porque eles estão gostando da guerra. Senão, já tinham sentado para conversar e tentar encontra uma solução pacífica", afirmou Lula, que recusou convite para participar de uma cúpula para discussão da paz ucraniana que será realizada na Suíça no final de semana.

O presidente também mencionou na sua fala no G7, como era esperado, a taxação de bilionários.

"Já passou da hora dos super-ricos pagarem sua justa contribuição em impostos. Essa concentração excessiva de poder e renda representa um risco à democracia", disse.

Reuters
Lula chega ao resort Borgo Egnazia, na Puglia, onde ocorre a reunião do G7 em 2024

O que é o G7?

Reuters
Equipe de organização cola adesivos para sinalizar posição de cada líder durante encontro do G7

O G7 – originalmente G6 – foi criado em 1975, como uma iniciativa do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing. Além da França, incluía EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e Itália. O Canadá entrou para o grupo em 1976.

Naquele momento, depois da crise do petróleo de 1973, o objetivo era reunir os países mais industrializados do mundo à época para tratar de questões de política econômica de interesse comum.

De 1997 a 2013, a Rússia também fez parte, mas foi suspensa após a invasão da Crimeia.

O grupo hoje não reúne mais as sete maiores economias do mundo. China e Índia são, respectivamente, a segunda e a quinta maiores economias do mundo em PIB nominal, segundo dados compilados pelo FMI no ano passado.

Com o passar dos anos, o G7 ampliou seu foco. Se inicialmente estava concentrado só nos desafios econômicos, hoje também trata de outros assuntos que considera questões globais.

A presidência do grupo é rotativa entre as nações que compõem o G7 e muda anualmente. O país que preside o G7 recebe a cúpula e define agendas e prioridades. Depois da Itália, neste ano, o próximo será o Canadá.

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