GUERRA NO ORIENTE

Projeto de futebol na Faixa de Gaza ajuda crianças a esquecer a guerra

A Faixa de Gaza é devastada por uma guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas, em 7 de outubro, no sul de Israel, que deixou 1.194 mortos,

"Durante as duas horas que vêm jogar, esquecem seus medos, os bombardeios e a guerra", diz Muayad Abu Afach, treinador de um projeto de futebol na Faixa de Gaza no qual as crianças jogam bola descalças na areia.

Em Khan Yunis, uma cidade palestina no sul do território costeiro, dezenas de jovens treinam em meio ao conflito que assola a Faixa de Gaza há oito meses.

"Este projeto para que as crianças possam jogar futebol veio à tona porque já não existem atividades esportivas, todas as infraestruturas dos estádios foram destruídas", acrescenta Abu Afach, promotor da iniciativa.

"Temos medo. Mas aprendemos a praticar os nossos hobbies e a continuar vivendo, apesar das bombas que caem sobre nossas cabeças", diz Jaled al Akhras, enquanto seus filhos correm em um campo de jogo.

A Faixa de Gaza é devastada por uma guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas, em 7 de outubro, no sul de Israel, que deixou 1.194 mortos, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva no território palestino na qual pelo menos 36.550 pessoas morreram, sobretudo civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza, liderado pelo Hamas. 

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos no Oriente Médio (UNRWA) informou que mais de 1,7 milhão de palestinos foram deslocados pelos confrontos.

- "Queremos ser felizes" -

O próprio Muayad Abu Afach teve que deixar da cidade de Gaza (no norte) para chegar a Khan Yunis, antes de ter que ir para o sul e acabar por refazer seus passos, devido às operações militares de Israel.

Também deslocadas, as crianças não vão à escola, exceto aquelas que se beneficiam de algumas iniciativas locais improvisadas, apesar da falta de professores.

Caso as ONGs não organizem atividades como oficinas criativas ou apresentações de palhaços e marionetes, a maioria das crianças e jovens passa os dias nas ruas.

"Tudo isto tem um impacto enorme no seu estado de espírito, na sua saúde mental", denuncia o treinador, que lembra a importância das relações sociais e da atividade física para as crianças. 

Logo, cada partida realizada é vista como uma pequena vitória, visto que há algumas semanas Abu Afach ainda procurava uma bola e um apito para poder organizá-las.

"As crianças treinam descalças", descreve ele, afirmando temer que o campo esteja coberto de cacos de vidro ou outros objetos que possam ferir os jovens torcedores de Lionel Messi e Kylian Mbappé. 

No final de abril, apesar das ameaças de uma operação militar em grande escala em Rafah, um território sem saída no sul de Gaza onde centenas de milhares de pessoas deslocadas estão aglomeradas, dezenas de jovens se reuniram para ver pela televisão o clássico  do Campeonato Espanhol entre Real Madrid e Barcelona.

Em meio à multidão, estava Watan Ahmed, um jovem vestido com a camisa da Juventus.

"Olhem todos eles, estão exaustos, perderam tudo, todos já perderam alguém da família ou conhecidos, mas queremos ser felizes e as coisas simples da vida nos fazem felizes", disse ele ao descrever aquela ocasião de descontração.

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