ESTADOS UNIDOS

Trump insinua reprise de 6/1 após condenação por fraude

O ex-presidente e atual candidato à Casa Branca diz que uma eventual pena de prisão será de "difícil aceitação" para seus seguidores. Há três anos, o republicano se negou a aceitar a vitória de Biden, e apoiadores invadiram o Capitólio

Considerado culpado em 34 acusações de falsificação de documentos, o ex-presidente norte-americano Donald Trump sinalizou, em uma entrevista exibida ontem, um possível novo 6 de janeiro de 2021. Na ocasião, seus apoiadores tentaram impedir a certificação da vitória do democrata Joe Biden, invadindo o Capitólio, em Washington. À rede Fox News, o candidato republicano à Presidência disse que uma pena de prisão no julgamento criminal poderia ser um "ponto de ruptura" para seus seguidores. 

"Você sabe, em certo momento, há um ponto de ruptura", disse o empresário de 77 anos, que também afirmou que a prisão seria "difícil para o público aceitar". Para Adam Schiff, democrata da Câmara dos Representantes e ex-integrante do comitê que investigou o ataque ao Capitólio, a fala de Trump remete àquele 6 de janeiro. "Essa é essencialmente sua ameaça de que, se for preso, incentivará seus apoiadores a se levantarem", disse Schiff, no programa State of Union, da emissora CNN.

As declarações surgem no momento em que Trump utiliza uma retórica cada vez mais violenta contra seus opositores. Um dos filhos do ex-presidente, Eric Trump, estimou, por sua vez, que o caso estava transformando seu pai em "um mártir". "O povo americano não é burro e vê exatamente o que está acontecendo", afirmou.

"Saco de pancadas"

No centro do caso que levou à condenação criminal de Donald Trump por fraude fiscal, a ex-atriz pornô Stormy Daniels pediu a prisão do ex-presidente e atual candidato republicano à Casa Branca, em entrevista publicada na imprensa britânica. "Acho que ele deveria ser condenado à prisão e a algum serviço comunitário, trabalhando para os menos favorecidos, ou sendo saco de pancadas voluntário em um abrigo para mulheres", disse Daniels ao jornal Daily Mirror.

Foi a primeira entrevista de Daniels depois que um júri de Nova York declarou o ex-presidente culpado, na quinta-feira passada, de 34 acusações de falsificação de documentos contábeis para ocultar um pagamento destinado a silenciá-la. A ex-atriz afirma ter tido relações com o magnata, o que ele nega.

Stormy Daniels, 45 anos, afirma ter recebido US$ 130 mil para evitar um escândalo sexual na reta final da campanha de 2016 que levou Trump à Casa Branca. "Estar no tribunal foi muito intimidante, com os jurados olhando para mim", disse a ex-atriz que usa um nome artístico, mas é legalmente chamada de Stephanie Clifford. "Como eu sempre disse, tenho dito a verdade o tempo todo".

Em seu depoimento, um dos momentos mais comentados do julgamento, a ex-atriz contou detalhes da relação sexual que teve com o magnata em 2006. "Isso não acabou para mim. Para mim, isso nunca vai acabar", disse a mulher, que afirmou que, mesmo com Trump considerado culpado, ela terá que viver para sempre com esse "legado".

Condicional 

O republicano de 77 anos classificou o processo contra ele de "injusto" e foi liberado sem fiança após uma audiência na semana passada. Ele poderá ser condenado a quatro anos de prisão por cada acusação, mas é mais provável que goze de liberdade condicional, já que não tem antecedentes criminais. Mesmo assim, ele não está inabilitado para continuar sua campanha eleitoral, inclusive, no caso improvável de ser preso.

O presidente americano Joe Biden, que busca a reeleição nas eleições de novembro, criticou o futuro adversário nas urnas por questionar o sistema judicial dos Estados Unidos e dizer que o processo foi fraudado. Sobre as declarações à Fox News, Biden as descreveu como "perigosas". Trump também se recusou repetidamente a comprometer-se a aceitar o resultado caso perca novamente para o adversário.

Mais Lidas

Aposta no TikTok

O republicano Donald Trump criou um perfil na plataforma TikTok, que tentou banir dos Estados Unidos quando foi presidente (2017-2021). Agora, novamente candidato à Casa Branca, ele pretende usar a rede social para atingir eleitores mais jovens. Na noite de sábado, o magnata publicou um clipe de 13 segundos, no qual aparece com seu habitual terno azul e gravata vermelha assistindo a uma luta do Ultimate Fighting Championship (UFC) em Newark, Nova Jersey. No vídeo, gravado com uma música estridente, ele é apresentado pelo executivo-chefe do UFC, Dana White, e se curva para a câmera, dizendo: "Me sinto honrado". Até o meio-dia de ontem, o ex-presidente acumulava dois milhões de seguidores. A campanha do democrata Joe Biden também aderiu ao TikTok, que tem mais de 170 milhões de usuários nos Estados Unidos.