Mais de mil pessoas morreram durante a grande peregrinação anual a Meca, realizada em 2024 sob um calor escaldante, de acordo com uma contagem atualizada da AFP nesta quinta-feira (20).
O novo balanço inclui outros 58 egípcios, elevando para pelo menos 658 o número de peregrinos desta nacionalidade que faleceram durante o hajj na Arábia Saudita.
Desses, 630 estavam em situação irregular no reino, que distribui vistos de peregrinação anualmente por país através de um sistema de cotas.
Ao todo, 1.081 pessoas de cerca de 10 países morreram neste ano na grande peregrinação anual a Meca, um dos cinco pilares do islamismo que todo muçulmano deve cumprir caso disponha dos meios necessários.
Os números são provenientes de comunicados oficiais ou de diplomatas dos respectivos países.
O hajj, cujas datas são determinadas pelo calendário lunar islâmico, ocorreu neste ano durante o início do verão escaldante da Arábia Saudita.
O centro meteorológico nacional relatou temperaturas de até 51,8 ºC na Grande Mesquita de Meca, a cidade sagrada onde o profeta Maomé iniciou sua pregação.
Um estudo saudita publicado em maio indicou que as temperaturas nos locais onde os rituais são realizados aumentam 0,4 ºC a cada dez anos.
A Arábia Saudita tem um sistema de cotas para peregrinos por país, mas a cada ano dezenas de milhares viajam para o reino por vias irregulares, por não terem dinheiro suficiente para custear o procedimento oficial.
Esses peregrinos são mais vulneráveis ao calor extremo, já que sem documentos oficiais não conseguem acessar os espaços com ar condicionado disponibilizados pelas autoridades sauditas, que neste ano receberam 1,8 milhão de peregrinos autorizados.
"As pessoas estavam exaustas", disse um diplomata à AFP nesta quinta-feira, referindo-se ao exaustivo dia de sábado, quando os fiéis passaram o dia fora durante a subida ao monte Arafat, uma colina próxima a Meca onde, segundo a tradição, Maomé proferiu seu último sermão.
Segundo o diplomata, a principal causa de morte entre os peregrinos egípcios foi o calor.
Familiares buscam informações
Além dos egípcios, morreram peregrinos da Malásia, Paquistão, Índia, Jordânia, Indonésia, Irã, Senegal, Tunísia e Curdistão iraquiano. Também há desaparecidos, e seus parentes procuram por eles nos hospitais da região.
O Facebook e outras redes sociais estão inundados de fotos de desaparecidos e pedidos de informações.
A Arábia Saudita não divulgou informações sobre os falecidos, embora apenas no domingo tenha informado sobre mais de 2.700 casos de "esgotamento por calor".
No ano passado, vários países relataram mais de 300 mortes durante o hajj, a maioria indonésios.
A data do hajj atrasa cerca de 11 dias a cada ano no calendário gregoriano, o que significa que no próximo ano ocorrerá mais cedo, potencialmente em condições mais amenas.
Receber o hajj é uma fonte de prestígio para a família real saudita, e o título oficial do rei Salman inclui as palavras "Custódio das Duas Mesquitas Sagradas", em Meca e Medina.
O hajj tem sido palco de várias tragédias ao longo dos anos, a mais recente em 2015, quando um pisoteamento durante o ritual de "apedrejamento do diabo" em Mina, perto de Meca, resultou na morte de até 2.300 pessoas, sendo a pior delas até hoje.
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