O presidente russo, Vladimir Putin, viajará para a Coreia do Norte na terça-feira (18), para uma visita de Estado "amistosa", anunciou o Kremlin nesta segunda-feira, no momento em que o Ocidente acusa Pyongyang de fornecer armas a Moscou em sua ofensiva na Ucrânia.
Americanos e europeus manifestam há meses sua preocupação com a aproximação entre Moscou e Pyongyang, acusando os norte-coreanos de entregarem munições à Rússia para seu ataque contra a Ucrânia, em troca de assistência tecnológica, diplomática e alimentar.
O assessor diplomático de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, apresentou a viagem como um evento importante para ambos os países, atingidos por sanções ocidentais. "Vários documentos serão assinados", entre os quais haverá "documentos importantes, muito significativos", disse o assessor, citado pelas agências estatais.
Ushakov mencionou a "possível" assinatura de "um acordo de cooperação estratégica global", que seria uma versão atualizada de um tratado assinado durante a última visita de Putin ao país, em 2000.
O documento será modificado para adaptá-lo a uma "profunda evolução da situação geopolítica mundial e regional", afirmou.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a visita de Putin mostra o quanto a Rússia necessita do apoio de líderes autoritários para realizar sua ofensiva na Ucrânia.
"Isso mostra o quanto o presidente Putin, e Moscou, estão agora dependentes de países autoritários ao redor do mundo", afirmou Stoltenberg à imprensa em Washington.
O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, aludiu a um "romance solitário entre Putin e Kim".
"A melhor forma de responder a isso é continuar reforçando a coalizão diplomática para uma paz justa e duradoura na Ucrânia e fornecer mais [...] munições para a Ucrânia", disse Kuleba à AFP.
Segundo Moscou, Putin chegará na terça-feira à noite em Pyongyang, onde assistirá a um concerto em sua homenagem.
O líder russo estará acompanhado do chanceler Serguei Lavrov, do ministro da Defesa, Andrei Belousov; de dois vice-primeiros-ministros e do chefe da agência espacial russa, Roscosmos.
Putin, que é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, reduziu suas viagens ao exterior, mas realizou algumas visitas para encontrar aliados-chave, como a China.
Após viajar à Coreia do Norte, o presidente russo visitará o Vietnã nos dias 19 e 20 de junho.
"Irmãos de armas"
A visita ocorrerá nove meses depois de Putin receber Kim no Extremo Oriente russo, onde ambos os líderes trocaram muitos elogios, mas não fecharam - pelo menos oficialmente - nenhum acordo.
As potências ocidentais, a Coreia do Sul e a Ucrânia acusam Pyongyang de enviar armas a Moscou para a ofensiva na Ucrânia, em violação das sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte.
Washington e Seul afirmam que, em troca, a Rússia forneceu ajuda a Pyongyang para seu programa de satélites e enviou ajuda para enfrentar a escassez alimentar do país.
Rússia e Coreia do Norte negam que as armas de Pyongyang estejam sendo usadas na Ucrânia.
Em março, a Rússia utilizou seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para encerrar o sistema de monitoramento das sanções impostas à Coreia do Norte, que foram instauradas principalmente por causa do programa nuclear de Pyongyang.
Na quarta-feira, Kim Jong Un enalteceu os laços "inquebrantáveis, de irmãos de armas" entre Pyongyang e Moscou, que datam da época soviética.
Kim já afirmou em setembro de 2023, durante uma viagem à Rússia, que os vínculos com Moscou são a "prioridade número um" de seu país.
Alguns analistas também alertaram que os testes e a produção de mísseis de artilharia e cruzeiro por parte da Coreia do Norte se intensificaram, e que esses mísseis poderiam acabar sendo fornecidos à Rússia, para serem usados em sua ofensiva na Ucrânia.
Esta é a segunda visita de Putin à Coreia do Norte. A primeira ocorreu há quase 25 anos, quando o chefe de Estado russo se reuniu com o pai de Kim Jong Un, Kim Jong-il.
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