GUERRA

Israel: 5 pontos para entender plano negociado pelos EUA para dar fim à guerra em Gaza

Proposta em três etapas começaria com um cessar-fogo de seis semanas. O Hamas disse que avalia o plano 'de forma positiva'.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sugeriu ao Hamas que aceite uma nova proposta israelense para acabar com o conflito em Gaza, dizendo que já "é hora desta guerra acabar".

A proposta em três partes começaria com um cessar-fogo de seis semanas, durante o qual as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) se retirariam das áreas povoadas de Gaza.

Haveria também um aumento da ajuda humanitária, bem como uma troca de alguns reféns por prisioneiros palestinos.

O acordo levaria eventualmente a uma "cessação permanente das hostilidades" e a um grande plano de reconstrução para Gaza.

O Hamas disse que vê a proposta "de forma positiva".

Entre aqueles que estimularam o Hamas a concordar com a proposta está o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, que disse na rede social X (antigo Twitter) que o grupo "deve aceitar este acordo para que possamos ver o fim dos combates".

"Há muito que defendemos que a cessação dos combates pode ser transformada numa paz permanente se todos estivermos preparados para tomar as medidas certas", acrescentou Cameron.

"Vamos aproveitar este momento e pôr fim a este conflito."

1. Primeira fase: cessar-fogo

Falando na Casa Branca nesta sexta-feira (31/5), Biden disse que a primeira fase do plano proposto incluiria um "cessar-fogo total e completo", a retirada das forças das IDF de áreas povoadas e a troca de reféns por prisioneiros palestinos.

"Este é realmente um momento decisivo", disse ele.

"O Hamas diz que quer um cessar-fogo. Este acordo é uma oportunidade para provar se eles realmente querem isso de fato."

O cessar-fogo, acrescentou, permitiria que mais ajuda humanitária chegasse ao território sitiado, com "600 caminhões transportando ajuda para Gaza todos os dias".

2. Segunda fase: 'fim permanente das hostilidades'

A segunda fase veria o retorno de todos os reféns vivos restantes, incluindo soldados do sexo masculino. O cessar-fogo se converteria então numa "cessação permanentemente das hostilidades".

No seu discurso, Biden reconheceu que as negociações entre as fases um e dois seriam difíceis.

Ainda há poucos dias, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que era terminantemente a concordar em acabar com a guerra como parte de um acordo de cessar-fogo – o que torna a referência de Biden ao fim da guerra particularmente significativa.

Como reação ao anúncio do presidente americano, Netanyahu afirmou ter autorizado a proposta de cessar-fogo, mas reiterou que a guerra só termina com "o fim do Hamas".

Embora o plano inclua muitos detalhes de rodadas de negociações anteriores, que acabaram fracassando, os apelos dos EUA por um cessar-fogo permanente parecem ser uma concessão significativa destinada a tentar atrair o Hamas de volta às negociações em termos com o grupo já disse que concordaria.

Um cessar-fogo permanente tem sido uma das principais exigências da organização palestina.

3. Terceira fase: reconstrução de Gaza

A terceira fase da proposta incluirira a devolução dos restos mortais de quaisquer reféns israelenses falecidos, bem como um "grande plano de reconstrução" com assistência dos EUA e internacional para reconstruir casas, escolas e hospitais em Gaza.

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Biden pede a Israel que apoie plano de três fases para Gaza

Na sua fala, Biden reconheceu que alguns israelenses – incluindo autoridades do governo de Israel – provavelmente se oporiam à proposta.

"Pedi à liderança em Israel que apoie este acordo", disse ele. "Independentemente de qualquer pressão [política] que venha."

O presidente dos EUA também se dirigiu diretamente ao povo israelense, dizendo a eles que "não podemos perder este momento".

Biden afirmou ainda que o Hamas está agora degradado a tal ponto que já não pode repetir um ataque como o que os seus combatentes conduziram em 7 de outubro de 2023 – um sinal para os israelense de que Washington vê a guerra como terminada.

4. O que disseram Israel e o Hamas

Numa declaração, Benjamin Netanyahu insistiu que a guerra não terminará até que seus objetivos sejam alcançados, incluindo o regresso de todos os reféns e a eliminação das capacidades militares e governamentais do Hamas.

O primeiro-ministro israelense disse ainda que este último plano permitiria a Israel se ater a esses princípios.

O Hamas, por sua vez, disse que vê a proposta "positivamente" devido ao seu apelo a um cessar-fogo permanente, à retirada das forças israelenses de Gaza, à reconstrução e à troca de prisioneiros.

O grupo disse estar pronto para "lidar de forma positiva e construtiva" com qualquer proposta centrada num cessar-fogo permanente, desde que Israel "declare seu compromisso explícito com isso".

Outro oficial palestino familiarizado com as negociações que viu a nova proposta israelense disse que o documento não incluía uma garantia de que a guerra terminaria, nem que as tropas das IDF se retirariam por completo de Gaza.

Um porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse esperar que os comentários de Biden e a proposta israelense "levem a um acordo entre as partes para uma paz duradoura".

A proposta foi transmitida ao Hamas através de mediadores baseados no Qatar.

5. Biden sob pressão

Confrontado com o aumento do número de vítimas civis em Gaza, o presidente americano Joe Biden tem enfrentado críticas internas crescentes sobre o nível de apoio dos EUA a Israel e pede que seja feito mais para encorajar as partes em conflito a negociar.

No início desta semana, porém, a Casa Branca disse não acreditar que as operações israelense em Rafah constituam uma "grande operação terrestre" que possa ultrapassar a linha vermelha e desencadear uma possível mudança na política dos EUA.

A declaração foi feita depois que um ataque aéreo israelense e o incêndio resultante mataram pelo menos 45 palestinos no domingo (26/5).

Num anúncio separado nesta sexta-feira, legisladores norte-americanos de ambos os lados do espectro político (democratas e republicanos) convidaram formalmente Netanyahu para discursar no Congresso em Washington.

Não está claro quando a fala ocorreria.

Mais de 36 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o início do conflito, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

A guerra começou em outubro de 2023, quando homens armados do Hamas lançaram um ataque sem precedentes contra Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e levando 252 de volta para Gaza como reféns.

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