Lisboa — O presidente da Ucrânia, Volodimyr Zelensky, fez um forte apelo para que as nações que ainda têm dúvidas em apoiar o seu país na guerra contra a Rússia para que participem efetivamente da Cúpula da Paz que será realizada na Suíça entre os dias 15 e 16 de junho. Para ele, é fundamental que essa adesão seja a maior possível, de forma a garantir que a solidariedade que vigora hoje não fique apenas na retórica. “Esse apoio precisa ser real e o mais amplo possível”, afirmou. O Brasil já indicou que não vai participar do encontro, pois não vê sentido de um debate sobre paz que não envolva o outro lado, a Rússia, que invadiu a Ucrânia há mais de dois anos.
Zelensky aportou nesta terça-feira (28/05) em Portugal, terceira parada de uma viagem de dois dias por países europeus, onde assinou em acordo de cooperação de 126 milhões de euros (R$ 720 milhões). Esses recursos serão desembolsados pelo Estado português para a compra de equipamentos militares e treinamento de pessoal. O acordo valerá por 10 anos, podendo ser renovado e, ao longo do tempo, exigirá novos repasses por parte de Portugal, que mira a reconstrução da Ucrânia no pós-guerra.
Segundo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, com o qual Zelensky se reuniu por quase duas horas, Portugal dará todo o suporte à Ucrânia, seja do ponto de vista financeiro, seja do ponto de vista humanitário. Ele ressaltou que o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia deve se iniciar em junho e está encaminhada a aproximação daquele país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que tende a elevar a tensão com a Rússia. “Estamos dando suporte à Ucrânia desde que o seu território foi invadido pelos russos de forma inaceitável”, assinalou.
Na segunda-feira (27/05), Zelensky passou pela Espanha, que anunciou o maior pacote de apoio financeiro à Ucrânia desde o início da guerra contra a Rússia, no valor de 1,1 bilhão de euros (R$ 6,3 bilhões). Nesta terça, antes de desembarcar em Portugal, o presidente ucraniano transitou pela Bélgica, onde conseguiu um suporte de mais de 900 milhões de euros (R$ 5,2 bilhões). “Esses apoios serão fundamentais para as necessidades emergenciais, mas precisamos de muito mais, sobretudo de sistemas de defesa antiaérea e de drones”, destacou. Ele enfatizou ainda não há como o povo ucraniano se cansar da guerra, pois isso significaria dizer que não há justiça no mundo.
Para Montenegro, é preciso condenar veementemente a invasão da Ucrânia pela Rússia, ataque que não tem poupado civis, especialmente, mulheres e crianças. Ele lembrou que, desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, Portugal recebeu mais de 60 mil pedidos de asilos de ucranianos, dos quais concedeu pouco mais de 50 mil. “Estamos falando do segundo grupo de estrangeiros vivendo em Portugal em harmonia e integrado ao país”, frisou. A maior comunidade estrangeira em Portugal é a brasileira, com mais de 400 mil pessoas legalizadas.
Veja o momento em que é assinado o acordo entre Zelensky e o primeiro-ministro português, Luís Montenegro: