Um enorme deslizamento de terra deixou centenas de mortos após atingir aldeias remotas em Papua-Nova Guiné. Os serviços de emergência estão tentando alcançar todas as áreas afetadas na província de Enga.
Segundo a agência humanitária Care Australia, uma equipe de resposta rápida composta por médicos e militares já conseguiu chegar ao local. Mas o terreno difícil e os danos nas ruas principais estão dificultando os esforços de resgate.
A rodovia principal que dá acesso à região está bloqueada e a área é acessível apenas por helicóptero.
O deslizamento de terra soterrou centenas de casas em Enga por volta das 03h da manhã locais de sexta-feira, 24 (14h de quinta-feira, 23, de Brasília).
Ainda não está claro quantas pessoas estão presas sob os escombros. A Care Australia disse que 60 casas foram destruídas e "no momento, todos os membros dessas famílias permanecem desaparecidos".
Quase 4.000 pessoas vivem na área onde ocorreu o deslizamento de terra. Mas a organização alertou que o número de afetados “provavelmente será maior” devido ao fluxo de pessoas que fogem de conflitos nas áreas vizinhas.
A instituição acrescentou que outras aldeias também poderão estar em risco “se o deslizamento continuar montanha abaixo”.
Amos Akem, deputado da província de Enga, disse ao jornal The Guardian que, com base em relatos locais, “o deslizamento soterrou mais de 300 pessoas e 1.182 casas”.
Ele confirmou que os esforços de resgate foram prejudicados por uma estrada bloqueada que liga a aldeia afetada à capital.
Existe apenas uma rodovia para a província de Enga. O deslizamento de terra criou detritos de até 8 metros de profundidade, afetando mais de 200 quilômetros quadrados de terra “incluindo 150 metros da rodovia principal que leva à província de Enga”, disse a Care Australia.
Um funcionário da ONU, Serhan Aktoprak, disse à agência de notícias AP que a área afetada pelo deslizamento de terra equivale a cerca de três a quatro campos de futebol.
Algumas casas na aldeia foram poupadas pelo deslizamento de terra, disse Aktoprak, mas "dada a escala do desastre" o número de mortos pode ser superior a 100.
A operação para chegar às pessoas afetadas tem sido dificultada pelo temor de que possam ocorrer mais deslizamentos de terra.
“A terra continua a deslizar e a se mover, e isso torna a operação perigosa para as pessoas”, disse Aktoprak à agência de notícias AFP.
Moradores das áreas vizinhas descreveram como as árvores e os destroços de uma montanha que desabou soterraram partes da comunidade, deixando-a isolada.
Imagens do local mostram moradores retirando corpos de escombros enquanto atravessam a área, coberta por pedras gigantes e árvores arrancadas.
'Não há mais casas'
Um morador de uma aldeia próxima disse que quando chegou ao local do deslizamento, “não havia mais casas [de pé]”.
Em declarações à emissora australiana ABC, Dominic Lau disse que tudo estava “simplesmente coberto por terra”.
“Não havia nada, apenas pedras e solo... não havia pessoas e não havia casas para ver”, acrescentou Lau.
O governador de Enga, Peter Ipatas, disse à AFP que "seis aldeias" foram afetadas pelo deslizamento de terra, que descreveu como um "desastre natural sem precedentes".
Enga fica a mais de 600 km da capital do país, Port Moresby.
A Sociedade da Cruz Vermelha da Papua-Nova Guiné disse anteriormente que uma equipe de emergência composta por funcionários do gabinete do governador provincial, polícia, forças de defesa e ONGs locais foi enviada para o local.
O primeiro-ministro James Marape afirmou que o governo central está trabalhando com as autoridades locais para fornecer “trabalho de socorro, recuperação de corpos e reconstrução de infraestrutura”.
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