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Vitória palestina na Assembleia Geral da ONU irrita Israel; entenda

Assembleia Geral aprova resolução que concede direitos adicionais como Estado observador e é favorável à adesão como membro pleno da organização. Medida é simbólica, pois depende de respaldo do Conselho de Segurança, onde já foi vetada

Em mais um dia de intensos bombardeios israelenses à cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, os palestinos tiveram, ontem, uma vitória de caráter simbólico na Organização das Nações Unidas (ONU).Por ampla maioria, a Assembleia Geral aprovou uma resolução favorável à adesão da Palestina como membro pleno da organização, numa decisão não vinculante, mas que despertou a fúria do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O plenário também concedeu direitos adicionais aos palestinos como Estado observador — sem voto,mas com mais voz. Apresentada pelos Emirados Árabes Unidos, a resolução foi aprovada por 143 países, inclusive o Brasil. Vinte e cinco se abstiveram e nove votaram contra a medida, entre eles Estados Unidos, Israel, Argentina, República Tcheca e Hungria.

Para ser implementada,a aceitação palestina ao grupo de países efetivos dependeria de recomendação positiva do Conselho de Segurança.No mês passado, os EUA vetaram tal medida.“Estive nesta tribuna centenas de vezes, frequentementeem circunstâncias trágicas, masnenhuma comparável à qualo meu povo vive atualmente”,disse o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour.“Nunca houve uma votação mais importante do que a de hoje (ontem), histórica”, acrescentou ele, com a voz embargada pela emoção.

Em Ramallah,a Autoridade Palestina declarou que o resultado demonstra que a Palestina “merece ser membro pleno” das Nações Unidas.Israel, cujo governo rejeita a solução de dois Estados, atacou a resolução, ainda que as medidas previstas sejam simbólicas. “Isso me deixa doente”,reagiu o embaixador israelenseGilad Erdan na tribuna da ONU, de onde acusou a Assembleia de“conceder direitos de Estado a uma entidade parcialmente controlada por terroristas”. 

“Com esse novo precedente,poderíamos ver representantesdo Estado Islâmico ou do Boko Haram sentados entre nósaqui”, disse ele, em alusão a dois grupos considerados extremistas pela comunidade internacional. “Reduz a Carta (da ONU) pedaços. É vergonhoso!”, concluiu. Em protesto, Erdan usou um triturador de papel para destruir o documento.

Divisão

Em nome dos países árabes,o embaixador emiradense, Isabel Shahab, enfatizou que a resolução terá “um impacto importante no futuro do povopalestino”, embora, por si só,“não faça justiça ao Estadopalestino”. Em plena guerra entre Israel e Hamas em Gaza,os palestinos, que desde 2012 têm na ONU status de Estado não membro observador, relançaram, no início de abril, o pedido de 2011 de se tornar membro pleno da organização.

Precisavam de dois terços dos 193 Estados para aprovar uma resolução— obtiveram 15 a mais.A votação mostrou a divisão dos países europeus sobre o tema. Além dos que votaram contra, como Hungria e República Tcheca,outros se abstiveram — Áustria,Albânia, Suécia, Romênia, Croácia, Itália, Finlândia, Letônia e Reino Unido, entre outros.No entanto, o texto concedeuma série de “direitos e privilégios adicionais” aos palestinos a partir da 79ª sessão da Assembleia, que se inicia em setembro.

Apesar de excluir inequivocamente o direito de voto e de se eleger membro do Conselho de Segurança, o documento permitirá que a Palestina apresente diretamente propostas e emendas sem passar por um terceiro país ou se sentar entre os Estados membros por ordem alfabética.

Para o governo do premiê Benjamin Netanyahu, trata-se de um prêmio à violência. “A decisão recompensa os assassinose estupradores do Hamas e mina os esforços para libertar osreféns (nas mãos do movimento islamista palestino desde 7 deoutubro)”, escreveu o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, na rede social X.Washington advertiu que seo assunto voltar ao Conselho deSegurança, o resultado será “similar ao de abril”.

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