Papua-Nova Guiné

Deslizamento de terra sepulta mais de 2 mil pessoas em a Papua-Nova Guiné

As autoridades papuásias pedem mobilização da comunidade internacional para apoio aos esforços de resgate, dificultado pelo bloqueio de uma das principais rodovias do local

Vista aérea mostra região afetada pelo desastre, no vilarejo de Yambali -  (crédito: Emmanuel Eralia/AFP)
Vista aérea mostra região afetada pelo desastre, no vilarejo de Yambali - (crédito: Emmanuel Eralia/AFP)

Quando a terra cedeu, na manhã de sexta-feira, levando parte do Monte Mongalo, na província de Enga (centro da Papua-Nova Guiné), arrastou o vilarejo de Yambali e engoliu várias casas. A tragédia no arquipélago da Oceania ganhou dimensões dantescas nas últimas horas. De acordo com o governo do país, mais de 2 mil pessoas foram enterradas vivas. Os moradores dormiam no momento do deslizamento de terra e nada puderem fazer.

As autoridades papuásias pediram mobilização da comunidade internacional para apoio aos esforços de resgate. "O deslizamento sepultou mais de 2 mil pessoas vivas e provocou uma grande destruição em edifícios, hortas e causou grande impacto na base econômica do país", afirmou o Centro Nacional de Gestão de Catástrofes em um documento enviado à ONU, ao qual a agência France-Presse (AFP) teve acesso.

Segundo o centro, a situação na área do desastre segue estável. "O deslizamento de terra continua avançando devagar, o que põe em risco tanto as equipes de resgate quanto possíveis sobreviventes", explicou. O bloqueio de uma das principais rodovias dificulta o trabalho dos socorristas. Outro fator que complica os esforços dos bombeiros e da defesa civil está na quantidade de detritos que desceram da montanha. Algumas casas estão sob 8m de terra e rochas. O governo de Papua-Nova Guiné solicitou à ONU que informem os parceiros de desenvolvimento do país sobre a tragédia, assim como "amigos internacionais".

A ONU organizará uma reunião, hoje, com diversos governos para tentar coordenar os trabalhos de resgate. Além dos bloqueios nas estradas, os confrontos tribais na região tornam a tarefa um enorme desafio. Na tentativa de encontrar corpos, em um terreno que se estende pelo equivalente a quase quatro campos de futebol, moradores e socorristas utilizam pás e pedaços de madeira. "Ninguém escapou. Não sabemos quem morreu porque os arquivos estão enterrados", declarou à AFP Jacob Sowai, professor de uma localidade vizinha.

Serhan Aktoprak, funcionário da agência de migração da ONU, afirmou que estão aparecendo rachaduras nos locais próximos ao da tragédia, o que "poderia desencadear um novo deslizamento". A Organização Mundial da Saúde (OMS) ofereceu ajuda para "atender as necessidades urgentes", anunciou o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A Austrália, parceira do arquipélago, informou que enviará suprimentos de emergência, como abrigos, kits de higiene e apoio específico para mulheres e crianças. O presidente da China, Xi Jinping, disse que está "profundamente triste" com a catástrofe e ofereceu a assistência de seu país. Estados Unidos, França e Japão também colocaram ajuda à disposição. 

papua nova guine
papua nova guine (foto: afp )

Chuvas intensas

Os vizinhos afirmaram que o deslizamento pode ter sido provocado pelas chuvas recentes, muito intensas. Papua-Nova Guiné tem um dos climas mais úmidos do planeta. Estudos mostraram que as mudanças nos padrões de tempestades relacionadas à mudança climática podem exacerbar o risco de deslizamentos de terra.

Estabelecer o número exato de vítimas é difícil porque muitas pessoas que fugiram da violência tribal se mudaram para a região nos últimos anos, afirmou Nicholas Booth, funcionário do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. A entrega de ajuda a partir da capital provincial, Wabag, foi prejudicada por uma série de confrontos tribais não relacionados com a tragédia, segundo Aktoprak. 

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postado em 28/05/2024 03:55
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