O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou o bombardeio israelense a um campo de refugiados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, como um "erro trágico". O ataque, que ocorreu no domingo (27/5), deixou ao menos 45 mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Entre as vítimas, dezenas de mulheres, crianças e idosos que morreram carbonizadas.
"Em Rafah retiramos um milhão de moradores que não estão envolvidos e, apesar dos nossos esforços, um acidente trágico ocorreu ontem (domingo)", disse Netanyahu ao Parlamento, acrescentando que o governo de Israel investiga o bombardeio. "Nós estamos investigando o incidente e vamos obter uma conclusão, pois essa é a nossa postura", completou.
Segundo o Exército israelense, o bombardeio tinha como alvo milicianos do Hamas e os aviões conseguiram atingir “uma instalação” do movimento, matando dois altos funcionários.
Segundo a agência de proteção civil de Gaza, o ataque a Rafah provocou um incêndio que devastou um campo de deslocados no noroeste da cidade. "Vimos corpos carbonizados. Também vimos amputações, crianças, mulheres e idosos feridos", disse Mohamed al Mughayyir, funcionário da agência, à AFP.
"Tínhamos acabado de terminar a oração noturna (...) Nossos filhos estavam dormindo, de repente ouvimos um barulho alto e vimos fogo por toda parte. As crianças gritavam, o barulho foi assustador", disse uma sobrevivente que não quis ser identificada.
Mohammad Hamad, de 24 anos, disse que "as pessoas não foram feridas ou mortas: foram queimadas". "A filha da minha prima, uma menina de no máximo 13 anos, foi uma das 'mártires'. Seus traços estavam irreconhecíveis porque os estilhaços desfiguraram seu rosto", disse ele.
Após o bombardeio, o Hamas convocou os palestinos a "se levantarem e marcharem" contra o "massacre" do Exército israelense.
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Ataque aumenta pressão internacional
O ataque contra inocentes aumentou a pressão internacional contra Israel. Até mesmo os Estados Unidos, principal aliado do país de Netanyahu, condenou o ataque. Em nota, a Casa Branca se declarou "impactada" e que "palestinos inocentes" morreram no ataque.
"Deixamos claro que Israel deve tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis", disse um porta-voz do Conselho de Segurança, apesar de admitir que "Israel tem o direito de atacar o Hamas, e entendemos que no bombardeio morreram dois terroristas de hierarquia elevada".
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu para Israel realizar uma investigação “completa e transparente” sobre o bombardeio. O presidente da França, Emmanuel Macron, disse na rede social X que "estas operações devem cessar", enquanto o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou estar "horrorizado" com a notícia.
Com informações da Agence France Press.
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