Homens armados mataram pelo menos oito pessoas e raptaram outras 150 no centro da Nigéria, informaram nesta segunda-feira (27/5) as autoridades locais do país, que sofre com ataques frequentes deste tipo.
O ataque ocorreu na noite de sexta-feira no vilarejo de Kuchi, no estado do Níger, quando agressores em motocicletas mataram oito pessoas e "sequestraram cerca de 150 moradores", disse à AFP o presidente do governo local, Aminu Najume.
"Cada motocicleta transportava três homens", disse ele, acrescentando que "nenhuma ajuda chegou durante as três horas de duração do ataque".
- 'Vi e decidi entrar': nigeriano narra trajeto de 14 dias até o Brasil
- Dez mortos e 20 feridos em explosão de mina terrestre na Nigéria
- Nigéria: ataque de drone do Exército mata 85 em feriado religioso
Uma fonte das Nações Unidas confirmou o número, enquanto a agência de ajuda nigeriana relatou "mais de 100 pessoas sequestradas".
É difícil avaliar com precisão o número de pessoas raptadas neste tipo de ataque, uma vez que a população local por vezes se esconde durante vários dias para escapar dos assassinatos e dos sequestros.
Os sequestros em massa para exigir resgates são comuns nos estados do noroeste, centro e nordeste da Nigéria, onde gangues fortemente armadas atacam frequentemente vilarejos isolados.
A organização jihadista Boko Haram e seu rival, o Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP na sigla em inglês), também realizam sequestros em massa na Nigéria, principalmente no nordeste, embora tenham expandido gradualmente as operações para o noroeste e centro.
O estado central do Níger sofre ataques de grupos criminosos há anos.
Estas organizações têm origem em conflitos entre pastores e agricultores, acusados pelos primeiros de destruir as terras com seus gados.
Os confrontos se expandiram ao longo dos anos, especialmente em áreas onde há pouca autoridade estatal.
Na Nigéria, os grupos criminosos são motivados pelo desejo de lucro, mas especialistas alertam para uma aliança com jihadistas do norte, cuja insurreição já dura mais de 15 anos e deixou mais de 40 mil mortos até o momento.
Fracasso na segurança
Dez anos depois de o Boko Haram ter capturado mais de 200 estudantes em Chibok, no nordeste da Nigéria, o país enfrenta um ressurgimento dos sequestros em massa.
Alguns especialistas atribuem o problema à crise econômica que assola o país.
O presidente, Bola Ahmed Tinubu, no poder há um ano, prometeu resolver a questão da insegurança. Mas segundo Aminu Najume, as forças nigerianas não conseguiram acabar com esse tipo de ataque.
"Esses assassinos geralmente vêm do estado vizinho de Kaduna para cometer seus crimes no estado do Níger e depois partem novamente", disse ele à AFP.
"Eles chegam em centenas, sem que o pessoal de segurança os veja, e quando os moradores locais os alertam sobre o perigo, eles não fazem nada", acrescentou.
A ONG Anistia Internacional denunciou domingo na rede social X que o último ataque foi "mais uma prova" da "total incapacidade das autoridades nigerianas de proteger vidas".
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br