América Latina

México registra 48 mortes em dois meses de onda de calor intensa

Em 2023, houve um recorde de mortos, com 419 em quase oito meses de temporada de calor no México, segundo estatísticas oficiais

A Cidade do México e sua região metropolitana, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, acumulam nesta temporada dois recordes: 34,2ºC em 15 de abril e 34,3ºC em 9 de maio -  (crédito: Obed Hernández/Unsplash)
A Cidade do México e sua região metropolitana, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, acumulam nesta temporada dois recordes: 34,2ºC em 15 de abril e 34,3ºC em 9 de maio - (crédito: Obed Hernández/Unsplash)

México já registrou 48 mortos na atual temporada de calor, que teve início em março, anunciou nesta sexta-feira (24/5) o governo, no momento em que cientistas alertam que os recordes de temperatura podem ser superados nos próximos dias.

Um relatório epidemiológico da Secretaria de Saúde com dados até 21 de maio detalha que 956 pessoas foram afetadas de forma diferente pelas temperaturas altas. "Na atual temporada de calor, que vai até outubro, temos um acumulado de 48 mortes em nível nacional", destaca o texto.

Em 2023, houve um recorde de mortos, com 419 em quase oito meses de temporada de calor no México, segundo estatísticas oficiais. "Esta situação de calor é excepcional", disse hoje o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

"É um fenômeno natural bastante lamentável, relacionado às mudanças climáticas", ressaltou Obrador, acrescentando que as altas temperaturas, acompanhadas do vento escasso, agravam o problema da poluição na Cidade do México.

O estado de Veracruz (leste), que tem um litoral extenso sobre o Golfo do México, registra o maior número de mortos (14), seguido de Tabasco, (sul), San Luis Potosí (norte) e Tamaulipas (nordeste), com oito cada um.

Cientistas da estatal Universidade Nacional Autônoma do México alertaram anteontem que o calor pode aumentar nas próximas duas semanas e chegar a níveis históricos. O ano de 2024 caminha para se tornar "o mais quente da História", disse em entrevista coletiva Francisco Estrada, coordenador do programa de pesquisa sobre mudanças climáticas da universidade.

A Cidade do México e sua região metropolitana, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, acumulam nesta temporada dois recordes: 34,2ºC em 15 de abril e 34,3ºC em 9 de maio. Estrada ressaltou que se vive um fenômeno global, já que 47 países sofrem com altas temperaturas resultantes do aquecimento global.

O calor intenso, que fez os sacos de gelo e garrafas d'água esgotarem no comércio da capital mexicana, levou ao aumento da poluição na cidade, onde circulam cerca de 6,5 milhões de veículos. Por conta disso, foi decretado estado de alerta em dias com altos índices de poluição, o que tirou mais de 20% dos veículos de circulação.

Um dos casos mais dramáticos no país foi a morte de dezenas de macacos na floresta dos estados de Tabasco e Chiapas (sul), aparentemente devido a temperaturas que superam os 45ºC.

Víctor Morato, diretor de um hospital veterinário de Comalcalo, Tabasco, explicou à AFP que os animais desmaiaram com o calor e caíram de árvores de 15 a 20 metros de altura. "Quando chegaram aqui, agonizando, estendiam a mão, como se pedissem ajuda. Isso me deixa com um nó na garganta", comentou nesta semana o médico, que atendeu oito animais, alguns deles com temperatura corporal de 43ºC.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 24/05/2024 23:17
x