Depois de dias de chuvas recordes no Rio Grande do Sul — em que as inundações superaram em duas vezes o marco histórico registrado em 1941 em Porto Alegre — o Estado se prepara agora para trocar as águas pelo frio.
A chuva parou na terça-feira, com presença do Sol no Estado.
Na quarta-feira, haverá frio intenso, com as temperaturas atingindo o ponto mais baixo deste ano.
Na quinta-feira, as chuvas devem retornar.
A Climatempo diz que uma área de alta pressão vai passa pelo Rio Grande do Sul nesta terça-feira (14/5), impedindo que nuvens carregadas de chuva se formem. No entanto, o fenômeno vem acompanhado de queda na temperatura.
Há risco de geadas em áreas como a Serra Gaúcha — que foi atingida por chuvas nos últimos dias — e na região da Campanha — que não foi. Temperaturas estarão próximas de 0ºC em algumas cidades na terça e na quarta.
Apesar da interrupção da chuva, há nova previsão de precipitação para o fim desta semana.
"A trégua da chuva será curta, infelizmente. Durante a quinta-feira, 16 de maio, uma nova mudança na circulação dos ventos, em vários níveis da atmosfera, vai gerar novas áreas de instabilidade sobre o Rio Grande do Sul trazendo a chuva de volta", afirma a agência meteorológica.
A chuva deve continuar na sexta-feira, de acordo com a MetSul.
"Na sexta, muitas nuvens e chuva na Metade Norte com pancadas localmente fortes e trovoadas. Na Metade Sul, pouco ou nada de chuva."
Já para o final de semana e para a próxima semana, a MetSul prevê frio e sol — sem chuvas.
Na segunda-feira (13/5), o tempo piorou no Rio Grande do Sul, e novas chuvas provocaram ainda mais estragos.
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, atingiu 5m18 nesta terça-feira. Em um dia, essa marca avançou 54cm — e ela ainda está subindo.
Um estudo indica que o Guaíba pode ultrapassar na terça ou na quarta a marca recorde de 5m35 registrado na semana passada. Até este mês, o Guaíba nunca havia passado sequer da marca de 5m de inundação.
O governo do Estado está atualizando alertas de emergência e fornecendo informações gerais sobre a calamidade no Rio Grande do Sul no site SOS Rio Grande do Sul.
As inundações já deixaram 148 mortos, 124 desaparecidos e 806 feridos, segundo o último boletim da Defesa Civil, de 14/5 às 12h.
Mais de 2,1 milhões de pessoas foram afetadas em 446 municípios, com 538 mil tendo que deixar suas casas e 76 mil pessoas alojadas em abrigos.
Segundo a companhia de água Corsan, 159 mil clientes estavam sem abastecimento de água na terça (14/05).
As companhias de eletricidade CEEE Equatorial e RGE 266 mil pontos sem luz. Em alguns casos a eletrecidade foi desligada por questões de segurança.
Parte das rodovias continua bloqueada. O governo atualiza em tempo real um mapa interativo com os pontos bloqueados.
O aeroporto Salgado Filho continua fechado sem previsão de retorno, mas uma malha aérea emergencial foi criada pelo Ministério de Portos e Aeroportos em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ABR (ong do setor), Infraero (operadora estatal de aeroportos) e a Abear (associação de companhias aéreas). O plano prevê 88 voos semanais para o Rio Grande do Sul.
'Acreditem nos alertas'
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, fez um alerta à população em vídeo divulgado no domingo (12/5).
Segundo ele, as áreas que correm mais risco são as mesmas que já foram atingidas nas últimas semanas. Ele fez um pedido para que moradores não tentem voltar para suas casas neste momento.
"Eu insisto, não é hora de voltar para casa. Não é hora de estar em áreas de risco. Nós precisamos proteger as pessoas. Aquelas áreas de encosta de morros precisam também ser evitadas neste momento, porque o solo está encharcado e os riscos de deslizamento são reais, principalmente na Serra Gaúcha e na região dos Vales", disse Leite.
O governo do Rio Grande do Sul afirmou que também está monitorando a situação de municípios da metade Sul do Estado — como São Lourenço do Sul, Pelotas, São José do Norte e Rio Grande — que estão sendo afetados pela enchente da Lagoa dos Patos.
"Pedimos a todos que acreditem nos alertas, evitem o risco. Depois nós vamos estar juntos para reconstruir, restabelecer. Mas neste momento [é preciso] salvar vidas, se proteger e ficar em segurança. Por favor."
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