Em um contexto de tensões sem precedentes no Oriente Médio, Israel concretizou as ameaças feitas nos últimos dias e atacou o Irã nesta sexta-feira, 19, em retaliação a uma barragem iraniana de mísseis e drones lançada no último sábado, 13. O ataque foi avisado "de última hora" por Israel aos Estados Unidos, de acordo com o G7.
Israel havia sinalizado que responderia militarmente ao lançamento pelo Irã de mais de 300 drones de ataque, mísseis balísticos e de cruzeiro mas, sob pressão do governo de Joe Biden e de outros aliados para mostrar moderação e evitar provocar um conflito regional mais amplo, não era claro a dimensão da intenção retaliatória de Israel.
A mídia estatal iraniana disse que os sistemas de defesa aérea interceptaram "três pequenos drones" em Isfahan e que não houve danos significativos. A área abriga uma base aérea e também instalações de pesquisa associadas ao programa de pesquisa nuclear do Irã. Veja a seguir perguntas e respostas sobre o ataque.
Qual foi o alvo?
O ataque israelense foi direcionado contra a cidade de Isfahan, no centro do Irã, a 340 quilômetros ao sul de Teerã. A agência de notícias iraniana Fars relatou "três explosões" perto da base militar de Shekari, do aeroporto de Isfahan e da cidade de Qahjavarestan, no centro do país. A agência estatal síria Sana, por sua vez, diz que Israel realizou um ataque com mísseis contra uma unidade de defesa aérea no sul, enquanto o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede na Reino Unido disse que o ataque atingiu o radar militar das forças governamentais.
Por que a cidade de Isfahan é importante?
Isfahan tem uma importante base aérea que há muito tempo abriga a frota iraniana de F-14 Tomcats de fabricação americana - adquiridos antes da Revolução Islâmica de 1979. A cidade também tem quatro pequenas instalações de pesquisa nuclear, um centro de produção de armas iranianas e um local de enriquecimento de urânio.
Qual a razão do ataque?
A ofensiva israelense foi uma aparente represália contra os drones e mísseis disparados por Teerã contra Israel no dia 13 de abril. Esse foi o primeiro ataque direto do país contra Israel, com o lançamento de mais de 350 drones e mísseis que foram quase totalmente interceptados. As autoridades iranianas, por sua vez, afirmaram que agiram em "legítima defesa" após o bombardeio contra seu consulado em Damasco, em 1º de abril, que atribuem a Israel e no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária.
Israel alertou que atacaria o Irã?
Os Estados Unidos informaram aos ministros das Relações Exteriores do G7 que receberam informações de "última hora", segundo o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani. De acordo com ele, os EUA forneceram a informação em uma sessão desta sexta-feira de manhã, que foi alterada no último minuto para abordar o ataque. Tajani disse que os EUA falaram aos ministros do G7 que foram "informados de última hora" por Israel sobre os drones.
Os Estados Unidos se envolveram?
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos não estavam envolvidos em nenhuma "operação ofensiva", mas se recusou a responder às alegações de que Israel deu aos EUA aviso prévio da ação.
"Não vou falar sobre isso, exceto para dizer que os Estados Unidos não estiveram envolvidos em nenhuma operação ofensiva", disse Blinken. Questionado a descrever a atual relação EUA-Israel, Blinken observou que Israel toma as suas próprias decisões, mas os Estados Unidos estão comprometidos com a sua segurança.
Quais foram os danos?
Autoridades militares iranianas disseram que as redes de defesa aérea foram ativadas e que um sistema em uma base militar em Isfahan "foi usado para interceptação", segundo a mídia estatal. Não houve danos causados pelo incidente, disse o relatório. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da mesma forma, informou que as instalações nucleares iranianas não sofreram danos. Não está claro se houve vítimas.
O Irã vai responder?
Não está claro se as forças iranianas pretendem realizar um novo ataque contra Israel. Nesta sexta-feira, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, fez um discurso no qual falou brevemente sobre as tensões no Oriente Médio, sem mencionar as explosões registradas poucas horas antes.
A operação, que aconteceu em 13 de abril, "refletiu nossa autoridade, a vontade ferrenha de nosso povo e a nossa unidade", declarou. "Todos os setores da população e todas as tendências políticas concordam que a operação intensificou a força e a autoridade da República Islâmica", acrescentou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)