GUERRA

O alerta da Ucrânia sobre '3ª Guerra Mundial' se perder conflito com a Rússia

Ucranianos estão pressionando parlamentares americanos para receber ajuda e dizem que podem perder a guerra para a Rússia.

O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, disse à BBC que haverá uma "Terceira Guerra Mundial" se a Ucrânia perder o conflito com a Rússia e fez um apelo ao Congresso dos EUA para que aprove um projeto de lei de ajuda externa paralisado.

Shmyhal disse estar com um "otimismo cauteloso" sobre a perspectiva de parlamentares dos EUA aprovarem a medida fortemente contestada, que destinaria US$ 61 bilhões a Kiev.

A Câmara dos Deputados dos EUA deve votar o pacote no sábado (20/4). A proposta inclui financiamento para Israel e também para a região do Indo-Pacífico.

Falando à BBC em Washington na quarta-feira (17/4), Shmyhal disse sobre o pacote de ajuda dos EUA: "Precisamos deste dinheiro ontem, não amanhã, não hoje."

"Se não oferecermos proteção, a Ucrânia cairá. E assim, o sistema global de segurança será destruído e todo o mundo precisará encontrar um novo sistema de segurança."

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"Ou haverá muitos conflitos, muitos tipos de guerras e, no final das contas, isso poderá levar à Terceira Guerra Mundial."

Esta não é a primeira vez que a Ucrânia faz um alerta catastrófico sobre as consequências da sua potencial derrota.

No ano passado, o presidente Volodymyr Zelensky disse que se a Rússia ganhasse o conflito, poderia invadir a Polônia, desencadeando a Terceira Guerra Mundial.

Mas autoridades de Moscou ridicularizaram essas afirmações, que disseram ser alarmismo do Ocidente. No mês passado, o presidente Vladimir Putin rejeitou as sugestões de que a Rússia poderia um dia atacar o Leste da Europa, dizendo serem "completamente sem sentido".

A Rússia nunca atacou um país da Otan, o que inclui a Polônia. O pacto de defesa coletiva da Otan significa que um ataque a um membro constitui um ataque a todos.

Na entrevista de quarta-feira, Shmyhal foi questionado sobre uma afirmação recente do presidente republicano do Comitê dos Negócios Estrangeiros, Michael McCaul, de que membros do seu próprio partido estavam "infectados" pela propaganda russa.

"Devemos compreender que a desinformação e a propaganda estão influenciando muitas pessoas aqui nos Estados Unidos, e na União Europeia, muitas pessoas, como na Ucrânia", disse Shmyhal.

A oposição da ala mais de direita do Partido Republicano bloqueou durante meses um pacote de assistência à Ucrânia.

Alguns desses parlamentares se opuseram ao envio de bilhões de dólares em ajuda para o exterior, sem que primeiro houvesse repasses para a segurança da fronteira entre os EUA e o México.

Estes conservadores também rejeitaram qualquer sugestão de que pudessem estar sendo enganados por Moscou.

O presidente Joe Biden disse em um comunicado na quarta-feira que sancionaria o pacote imediatamente assim que fosse aprovado pelo Congresso "para enviar uma mensagem ao mundo: estamos com nossos amigos".

A Ucrânia depende muito do fornecimento de armas dos EUA e do Ocidente para continuar fazendo frente à Rússia, que tem números superiores e uma abundância de artilharia.

Meses de impasse no Congresso já tiveram efeitos profundos no campo de batalha.

A Ucrânia está em menor número, desarmada e forçada a recuar devido ao racionamento de munições e à queda do moral.

Em fevereiro, tropas ucranianas se retiraram de Avdiivka, uma cidade perto de Donetsk ocupada pelos russos. Os ucranianos estavam lá desde 2014.

Oleksandr Tarnavskyi, um general que supervisionou a retirada, citou uma vantagem dos russos de 10 para 1 na munição de artilharia, e disse que recuar após meses de combates era "a única solução correta".

Zelensky culpou um "déficit artificial de armas" ao fazer apelos urgentes por mais ajuda militar para evitar uma situação "catastrófica".

EPA-EFE/REX/Shutterstock

Biden atribuiu a retirada de tropas ucranianas à "diminuição da oferta [de ajuda americana] como resultado da falta de ação do Congresso".

A perda de Avdiivka foi a mais pesada para a Ucrânia desde que as suas tropas se retiraram de Bakhmut em maio de 2023.

Ambas retiradas ocorreram após meses de guerra de desgaste, em que as forças russas destruíram edifícios com artilharia maciça e enviaram milhares de tropas para a linha de frente.

O general Richard Barrons, antigo comandante do Comando das Forças do Reino Unido, declarou recentemente que temia que a Ucrânia pudesse ser derrotada este ano, a menos que recebesse armas e munições.

"Estamos vendo a Rússia atacando na linha de frente, empregando uma vantagem de cinco para um em artilharia, munições e um excedente de pessoas", disse ele.

"A Ucrânia pode sentir que não pode vencer. E quando chegar a esse ponto, por que as pessoas vão querer lutar e morrer?"

Ambos os lados sofreram pesadas perdas nas batalhas, mas o aumento das baixas deixou a Ucrânia com escassez de pessoas.

No início deste mês, o governo reduziu a idade de recrutamento de 27 para 25 anos, em um esforço para recrutar centenas de milhares de novos soldados.

Zelensky disse que 31 mil soldados ucranianos foram mortos desde 2022. As autoridades americanas, no entanto, acreditam que pelo menos 70 mil morreram e muitos mais estão feridos.

Uma investigação da BBC calcula que pelo menos 50 mil soldados russos foram mortos. Acredita-se que dezenas de milhares de pessoas tenham ficado feridas.

A Rússia transformou a sua base industrial em uma economia de guerra — gastando 40% do seu orçamento nacional em armamentos, ao mesmo tempo que fecha acordos com o Irã e a Coreia do Norte para adquirir munições, mísseis e drones.

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