O russo Maxim Lyutyi, de 44 anos, declarou-se culpado, no domingo (16/4), por matar o filho, um bebê recém-nascido, depois de tentar alimentá-lo apenas com a luz do sol, em Soch, na Rússia. O homem quis usar o filho como teste de uma dieta sem alimentos ou água, como uma "fotossíntese humana".
O bebê tinha menos de um mês de vida e morreu devido a “pneumonia e desnutrição”. O pai pode pegar até oito anos de prisão e multa por “causar intencionalmente lesões corporais graves”. Já a mãe do recém-nascido, Oxana Mironova, recebeu uma pena em liberdade condicional de dois anos de “trabalho correcional”.
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A mãe de Oxana, Galina, disse ao jornal local Zvezda News, que acredita que o genro seja líder de uma seita. "Ele queria fazer experiências com a criança, alimentá-la puramente com o sol e depois anunciar aos outros que é assim que se deve se alimentar", afirmou.
"Eu era contra minha filha estar nesta seita. Eu percebi tudo e disse a ela que Maxim era louco, mas ela não me ouviu. Oxana vivia ali como uma cobaia. Cada vez ela ficava mais fria comigo. Ela era sua escrava", acrescentou a russa. Ainda segundo ela, o genro proibia a filha de amamentar o bebê.
Entenda o conceito de 'fotossíntese humana'
A Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, define fotossíntese como "um processo realizado pelas plantas para a produção de energia necessária para a sua sobrevivência" e explica que "a luz do sol, por sua vez também é absorvida pela folha, através da clorofila, substância que dá a coloração verde das folhas. Então a clorofila e a energia solar transformam os outros ingredientes em glicose. Essa substância é conduzida ao longo dos canais existentes na planta para todas as partes do vegetal. Ela utiliza parte desse alimento para viver e crescer; a outra parte fica armazenada na raiz, caule e sementes, sob a forma de amido."
No entanto, não há evidências científicas que demonstrem que esse processo pode ser realizado em humanos. Ao Correio, o médico Rodrigo Neves, especialista em endocrinologia e nutrição, explica que essa prática leva a falta de nutrientes essenciais e gera deficiências graves, comprometendo o funcionamento adequado do corpo e resultando em problemas físicos e mentais.
A crença que sugere que seres humanos podem sobreviver sem alimentos sólidos ou líquidos, obtendo toda a energia necessária apenas do ar que respiram e da luz solar que absorvem é chamada de respiratorianismo.
"É importante entender que não há evidências científicas que sustentem a viabilidade ou segurança do respiratorianismo. O corpo humano requer uma variedade de nutrientes para funcionar corretamente, e tentar viver apenas de ar e luz solar pode levar a consequências graves", destaca Rodrigo.
"Em vez de buscar soluções extremas e não comprovadas, é fundamental adotar uma abordagem equilibrada e baseada em evidências para a alimentação e o bem-estar. Consultar profissionais de saúde qualificados é essencial para garantir uma dieta nutritiva e segura", acrescenta o especialista.
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