O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump recebeu uma advertência do juiz Juan Merchan no segundo dia do histórico julgamento em que é acusado de ocultar pagamento de suborno a uma ex-atriz pornô, durante a campanha de 2016. A reprimenda ocorreu durante a seleção do júri que decidirá o destino do magnata, candidato único do Partido Republicano na corrida à Casa Branca em novembro próximo.
“Não vou permitir que nenhum membro do júri seja intimidado nesta sala”, frisou, taxativo, o magistrado de origem colombiana, quando uma candidata foi obrigada a dar explicações sobre um vídeo publicado no Facebook que motivou um comentário do bilionário. Num processo que avança mais rápido do que o inicialmente estimado, metade dos 12 jurados haviam sido selecionados no fim da tarde de ontem.
Os candidatos a integrar o júri, cidadãos anônimos escolhidos por sorteio, tiveram que responder um longo questionário preparado pelo juiz Merchan sobre atividade profissional, residência, situação familiar e eventual uso de medicamentos que podem afetar a concentração. Também há perguntas sobre leitura de jornais e uso de redes sociais que utiliza. Por último, o candidato deve dizer se é capaz de julgar com equidade um caso altamente midiatizado e politizado.
Tanto a promotoria quanto a defesa podem recusar 10 candidatos cada uma de uma seleção previamente feita pelo juiz. Espera-se que na próxima segundafeira sejam apresentadas as alegações iniciais. Se for considerado culpado, Trump pode ser condenado a quatro anos de prisão.
Campanha
Visivelmente contrariado, Trump, 77 anos, chegou ao tribunal, ontem de manhã, desferindo novas críticas ao processo, que considera manipulado.
“Eu deveria estar neste momento na Pensilvânia, na Flórida, em muitos outros estados, como Carolina do Norte e Geórgia, fazendo campanha”, afirmou o republicano, acusando seu adversário, o presidente Joe Biden, de orquestrar uma cruzada judicial contra ele. Em sua plataforma, Truth Social, o magnata também voltou a atacar o juiz responsável pelo julgamento.
“Ele me odeia”, repetiu. Na véspera, ele criticou Merchan que o obrigou a assistir a todas as audiências (quatro dias por semana) e que não lhe permitiu assistir à diplomação de seu filho ou acompanhar uma audiência que o afeta na Suprema Corte na próxima semana. Por várias vezes, a defesa do ex-presidente pediu, sem sucesso, que o magistrado fosse afastado do caso.