Peru

Ministro peruano renuncia em meio a 'Rolexgate'

O ministro renunciou em meio a uma investigação que tem como alvo a presidente Dina Boluarte por suposto enriquecimento ilícito relacionado a relógios de luxo que ela não teria declarado como bens

O ministro peruano do Interior, Víctor Torres, renunciou nesta segunda-feira (1º), em meio a uma investigação que tem como alvo a presidente Dina Boluarte por suposto enriquecimento ilícito relacionado a relógios de luxo que ela não teria declarado como bens.

"Eu coordenei com a senhora presidente e estou saindo porque pedi e a senhora concordou", disse Torres ao deixar o palácio presidencial após participar pela última vez do conselho de ministros.

Torres, que ocupava o cargo desde 21 de novembro, alegou problemas familiares para se desvincular do governo de Dina Boluarte, investigada pelo Ministério Público. Questionado pelo aumento da insegurança cidadã, o ministro atuava como responsável máximo pela polícia, que realizou no fim de semana, juntamente com o Ministério Público, a busca e apreensão na residência e no gabinete de Dina, no contexto do chamado "Rolexgate".

Segundo a imprensa, um setor do gabinete havia pedido a Torres para remover o coronel que liderou a operação de busca. O governo registra, assim, sua primeira baixa desde que o escândalo veio à tona, em meados de março, devido a uma publicação jornalística que revelou o uso de vários relógios Rolex pela presidente, 61 anos.

"Se a senhora sai, o Peru afunda", comentou o ministro, referindo-se ao pedido de destituição apresentado por grupos de oposição que não detêm a maioria no Congresso. "A senhora não tem nada a esconder. Saio em paz, com as mãos limpas", acrescentou.

Após a operação de busca, que não encontrou nenhum Rolex, o Ministério Público ordenou que Dina os apresente e preste declaração na próxima sexta-feira.

'Ação abusiva'

A presidente afirmou no último sábado que a ação do Ministério Público era "arbitrária, desproporcional e abusiva".

Caso o MP ofereça denúncia por enriquecimento ilícito, Dina só responderia a um eventual julgamento depois de julho de 2026, quando termina o seu mandato, conforme estabelece a Constituição. O escândalo, contudo, pode levar a um pedido de vacância (impeachment) no Congresso, sob alegação de "incapacidade moral".

Para que isso ocorra, as bancadas de direita que controlam o Parlamento unicameral e são a principal sustentação da presidente deverão apoiar as bancadas minoritárias de esquerda em uma aliança, teoricamente, difícil de se concretizar.

Um total de 26 dos 130 congressistas da bancada de esquerda, entre eles a do partido ao qual pertenceu Dina, apresentaram no último sábado uma "moção de vacância" contra a presidente à Mesa Diretora do Parlamento. Contudo, para que os debates aconteçam, a proposta deve ser aprovada, antes, por 50 parlamentares.

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