Enviado especial a Yerevan — Reconhecimento. Resistência. Justiça. As três palavras de ordem ecoaram, de forma repetida, pelas principais avenidas de Yerevan, capital da Armênia, na noite desta terça-feira (hora local). Milhares de pessoas saíram em marcha, segurando tochas e velas, do centro da cidade até o Memorial do Genocídio Armênio, em um percurso de cerca de 7km. O evento marca o 109º aniversário do início do genocídio.
Na madrugada de 24 de abril de 1915, o partido Jovens Turcos capturou 250 intelectuais, políticos, empresários, líderes da Igreja armênia e os expulsou para o interior da atual Turquia, antes de serem executados. Apenas oito deles sobreviveram. O massacre foi seguido pelo genocídio de 1,5 milhão de armênios, entre 1915 e 1923, por parte do Império Otomano.
À frente da procissão, bandeiras de 30 países que reconheceram o genocídio armênio, incluindo Estados Unidos, Portugal, Rússia, França, Alemanha, Canadá, Chile e Uruguai. Atrás do carro de som, jovens segurando tochas, seguidos por crianças carregando uma imensa bandeira da Armênia. Das calçadas, moradores de juntavam à marcha, que também contava com a presença de idosos. Adolescentes envoltas na bandeira do país também seguiam a multidão.
Nesta quarta-feira, 24 de abril, feriado nacional na Armênia, centenas de milhares de pessoas seguirão, em silêncio, até o Tsitsernakaberd, o Memorial do Genocídio Armênio. Depositarão flores junto à chama eterna. Entre eles, bisnetos e netos de sobreviventes e de vítimas do primeiro grande genocidio do século 20. Nas principais capitais do mundo, membros da diáspora armênia repetirão o ritual.
Prédios do governo armênio e a torre de televisão foram iluminados de vermelho, azul e laranja, as cores da bandeira da Armênia. Em frente ao prédio da Ópera de Yerevan, a Orquestra Filarmônica Nacional executou algumas peças, inclusive o Pai Nosso em armênio, acompanhada de um coral posicionado nas sacadas. À meia-noite, ela realizou um concerto em homenagem ao genocídio, com a presença do primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.
Azerbaijão
Na véspera do 109º aniversário do genocídio armênio, o presidente do Azerbaijo, Ilham Aliyev, fez um pronunciamento à imprensa internacional sobre a COP-29, a conferência do clima da ONU. Ao fim do evento, ele demandou concessões da Armênia em troca da assinatura de um acordo de paz em Nagorno-Karabakh, um enclave invadido pelo Azerbaijão, em setembro de 2023, o que levou à fuga de 110 mil armênios. Aliyev exigiu que a Armênia mude a Constituição atual, crie um corredor extraterritorial que ligue o enclave de Nakhichevan ao território azeri e deixe de reconhecer o Monte Ararat como símbolo nacional.
* O repórter viajou a convite da União Geral Armênia de Beneficência (UGAB)
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