Os nossos ancestrais podem ter mantido as raposas como animais de estimação muito antes de os cães domésticos entrarem em cena.
Evidências arqueológicas sugerem que as antigas sociedades humanas na América do Sul reverenciavam as raposas a tal ponto que, quando morriam, as pessoas eram enterradas ao lado dos animais.
Os cientistas ficaram surpresos ao encontrar uma raposa enterrada em um túmulo humano que remonta a 1.500 anos na Patagônia argentina. A descoberta foi detalhada nesta terça-feira (10/04) no periódico científico Royal Society Open Science.
Os cientistas acreditam que a explicação mais provável é que a raposa era um animal de estimação altamente valorizado.
Uma análise de DNA mostra que o animal jantava com caçadores pré-históricos e fazia parte do círculo interno do acampamento.
Há quase uma década, uma raposa da mesma espécie foi encontrada em um túmulo muito mais antigo em outra parte da Argentina. Ela também pode ter sido um animal de estimação, mas sua dieta não foi analisada.
“Esta é uma descoberta muito rara sobre a raposa, que parece ter tido uma ligação tão estreita com indivíduos da sociedade caçadora-coletora”, afirma a pesquisadora Ophélie Lebrasseur, da Universidade de Oxford, uma das autoras do estudo publicado recentemente.
“Acho que era mais do que apenas simbólico; realmente acho que era companheirismo.”
A raposa foi encontrada no cemitério de Cañada Seca, na Argentina, que já foi habitado por grupos de caçadores-coletores.
Dentes de raposas selvagens já haviam sido encontrados em antigos cemitérios humanos na Argentina e no Peru, sugerindo que o animal tinha um significado simbólico.
Mas a descoberta de um esqueleto quase completo de uma raposa em uma sepultura humana é extremamente rara no registro arqueológico mundial.
A raposa, que atende pelo nome científico Dusicyon avus, era de tamanho médio e pesava de 10 a 15 kg. Essa espécie foi extinta há cerca de 500 anos, algumas centenas de anos depois que os cães domésticos chegaram à Patagônia.
O estudo foi realizado em colaboração com a pesquisadora Cinthia Abbona, do Instituto de Evolução de Mendoza, na Argentina, e é assinado por um total de nove pesquisadores.
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