Lisboa — Eleito por uma pequena margem de votos, que vai lhe exigir um amplo processo de negociação na Assembleia da República, o novo primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, usou o seu discurso de posse para cobrar apoio da oposição seu governo. Ele citou nominalmente o Partido Socialista (PS), que comandou o país nos últimos oito anos. “O PS deve ser claro e autêntico na atitude que vai tomar. Se será uma oposição democrática ou um bloqueio democrático”, afirmou. Com esse chamado, o líder da Aliança Democrática demarcou território e se afastou da extrema-direita, que vem se oferecendo, desavergonhadamente, para participar da nova administração.
Montenegro, líder da Aliança Democrática, sabe que não terá vida fácil no Parlamento e que muitas de suas promessas, como a redução de impostos, os incentivos à habitação e a correção de salários de médicos, professores e policiais só poderão se tornar realidade com o apoio dos socialistas. “Não se está pedindo um cheque em branco nem adesão ao governo, mas se espera que as oposições nos deixem trabalhar”, assinalou. Ele disse que está certo de que cumprirá os quatro anos e meio de mandato, ao contrário do que ocorreu nas duas últimas administrações, que foram interrompidas pela metade, ampliando a insatisfação dos portugueses com a política.
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Combate à corrupção
Ao listar as prioridades de seu governo, Montenegro tratou logo de puxar para si um tema caro para país: o combate à corrupção. Foram as suspeitas de irregularidades que derrubaram o último governo, sob o comando de António Costa. Segundo o novo primeiro-ministro, a ideia é reunir propostas de todos os partidos relacionadas a esse assunto e fechar um projeto de consenso para que seja transformado em lei. “O combate à corrupção deve ser nacional. E é preciso reconhecer que há propostas apresentadas por outros partidos que merecem igualmente ser estudadas, discutidas e consideradas. Ninguém tem o monopólio das melhores soluções. O contributo de todos é essencial”, frisou.
O objetivo, acrescentou o primeiro-ministro, é abrir o diálogo dentro do Parlamento para que seja fixada uma agenda ambiciosa, eficaz e consensual. “Nossa ideia é que, no prazo de dois meses, tenhamos uma síntese das propostas, das medidas e das iniciativas possíveis de acordar e consensualizar para depois serem devidamente testadas em termos de consistência, credibilidade e exequibilidade. A partir daí, podemos focar na aprovação das respetivas leis, seja por proposta do governo, seja por iniciativa do Parlamento”, destacou. “Esperamos a abertura e a disponibilidade de todos em nome de uma vontade forte na busca de consensos numa área essencial nos 50 anos do 25 de Abril (quando se restabeleceu a democracia em Portugal)”, emendou.
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