Lisboa — O líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, será o primeiro-ministro de Portugal. O comunicado oficial foi feito nesta quinta-feira (21/3) pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O anúncio ocorre 10 dias depois das eleições. Montenegro assumirá em 2 de abril e espera uma união nacional para aprovar os projetos de interesse do país. Ele não obteve maioria na Assembleia da República, portando, será obrigado a fazer um amplo processo de negociação. O político, de centro-direita, terá duas oposições ferrenhas no Parlamento, da esquerda, liderada pelo Partido Socialista (PS), e da extrema-direita, com o Chega, que se consolidou como a terceira força do país.
Assim que foi comunicado pelo presidente de que será o próximo primeiro-ministro, Montenegro embarcou para Bruxelas, sede da União Europeia, em busca de apoio. Portugal é muito dependente dos recursos repassados pelo bloco, sobretudo para tocar investimentos em infraestrutura e em saúde. O português se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, e, na saída do encontro, pediu aos partidos que tenham responsabilidade para garantir a estabilidade no país. Para ele, não há motivo, nem interno nem externo, para se duvidar da capacidade administrativa do novo governo.
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“Não há nenhuma razão para duvidar da maturidade democrática dos portugueses, seja dos que votaram, seja dos que assumiram responsabilidades, no governo e na oposição”, disse o futuro primeiro-ministro. Na avaliação dele, embora não disponha de maioria absoluta, o novo governo tem a confiança dos eleitores e do que se exige dos atores políticos, ou seja, o sentido de responsabilidade. Montenegro fez a sua estreia em Bruxelas ao lado do ainda chefe do Executivo de Portugal, António Costa, que reforçou a necessidade de se garantir a estabilidade no país, evitando sobressaltos que prejudiquem a população.
O primeiro grande desafio de Montenegro será obter os votos necessários na Assembleia da República para revisar o Orçamento de 2024, feito pela administração que está saindo. Ele prometeu cortar impostos, mas, ao mesmo tempo, dar aumentos salariais para professores, policiais e aposentados e pensionistas. O Partido Socialista admitiu apoiar algumas medidas, porém, ressaltou que fará uma oposição responsável e aguerrida. O Chega, que tentou de todas as formas, aderir ao novo governo, sinalizou que vai esperar um posicionamento mais claro de Montenegro para se posicionar, sobretudo em relação à recomposição dos salários de policiais e do reforço de recursos para a saúde.
Os novos ministros serão apresentados em 28 de março. Montenegro quer dar uma cara mais liberal ao governo, mas também passar aos investidores e ao comando da União Europeia a visão de que fará uma gestão responsável. Ele encontrará o caixa do governo ajustado. Nos últimos dois anos, o Partido Socialista conseguiu gerar superavits fiscais (gastou menos do que arrecadou) e derrubou a dívida pública para menos de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), atingindo o menor nível desde 2009, auge da crise financeiro mundial.
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