Líder da maioria no Senado dos Estados Unidos, o democrata Chuck Schumer pediu, ontem, a saída do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, a quem descreveu como um "obstáculo para a paz" por sua condução do conflito com o Hamas na Faixa de Gaza. Considerado o político judeu de mais alto escalão no país atualmente, Schumer defendeu que o presidente israelense, Isaac Herzog, convoque eleições para a formação de um novo gabinete.
"Perante essa conjuntura crítica, acredito que uma nova eleição é a única saída para permitir um processo de tomada de decisão saudável e aberto, em um momento em que tantos israelenses perderam a confiança na visão e na direção do seu governo", afirmou o líder democrata. "Israel não poderá sobreviver caso se torne um pária", ressaltou.
Ao discursar no plenário do Senado, Schumer disse que Netanyahu se cercou de extremistas de direita e "tem sido muito tolerante com a perda de vidas civis em Gaza, o que está levando o apoio a Israel a mínimos históricos em todo o mundo".
O pronunciamento, o mais duro já feito por uma autoridade nos EUA desde o início do conflito, em outubro do ano passado, ocorre num momento em que cresce o descontentamento entre os democratas no Congresso. Candidato à reeleição, o presidente Joe Biden, alvo de críticas do eleitorado árabe-americano e muçulmano, tenta pressionar o governo de Netanyahu devido ao número de mortes e à situação humanitária pela guerra.
Republicanos reagiram ao discurso de Schumer. Líder da minoria, o senador Mitch McConnell considerou a fala do democrata como "sem precedentes". Ele classificou como "grotesco e hipócrita" para os norte-americanos "que hiperventilam sobre a interferência estrangeira em nossa própria democracia pedir a remoção do democraticamente líder eleito de Israel". "O Partido Democrata não tem um problema anti-Bibi. Tem um problema anti-Israel", assinalou, referindo-se a Netanyahu pelo apelido.
Também o embaixador de Israel nos EUA, Michael Herzog, respondeu o senador democrata. "Israel é uma democracia soberana", frisou o diplomata, ressaltando que esse tipo de discurso em nada agrega. Mesmo opositores de Netanyahu consideraram a fala inadequada por tocar em questões internas de Israel.
Novo premiê
Na Cisjordânia, o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, nomeou para o cargo de primeiro-ministro o economista Mohammad Mustafá, em substituição a Mohammed Shtayyeh, que renunciou ao cargo em 26 de fevereiro. O novo premiê, de 69 anos, presidiu o Fundo de Investimentos para a Palestina (PIF), é conselheiro econômico de Abbas e ocupou altos cargos no Banco Mundial e em Washington por 15 anos.
Mustafá estudou na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, e é membro independente do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina, dominada pelo movimento Fatah, de Abbas. O antecessor apresentou a demissão de seu governo, alegando a necessidade de uma nova política, levando em conta "a nova realidade na Faixa de Gaza", administrada pelo Hamas, e a "necessidade urgente de um consenso interpalestino".
Nos últimos meses, muitos palestinos têm criticado o presidente Abbas, de 88 anos, eleito pela última vez em 2005, por sua "impotência" frente aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. O papel da AP no pós-guerra é uma grande dúvida, em vista de sua influência limitada e da recusa de Netanyahu em aceitar um futuro Estado palestino.
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