Homens armados sequestraram mais de 200 alunos em um ataque contra uma escola no noroeste da Nigéria, informaram um professor e um morador da região, em um dos maiores crimes do tipo registrado em dois anos no país do oeste da África.
Os sequestros em massa para obtenção de resgate econômico são frequentes na Nigéria, o país mais populoso de África, em particular contra centros de ensino, embora os ataques tenham registrado uma queda nos últimos anos.
As autoridades do estado de Kaduna confirmaram que ataque aconteceu na quinta-feira (7) na escola Kuriga, mas não informaram o número de reféns, que ainda estão sendo contabilizados.
Ao menos uma pessoa morreu durante o ataque, segundo alguns moradores.
O crime aconteceu quase 10 anos depois que os extremistas do grupo Boko Haram sequestraram mais de 250 alunas de uma escola em Chibok, nordeste da Nigéria, uma ação que provocou indignação internacional. Algumas estudantes continuam desaparecidas.
Sani Abdullahi, um dos professores da escola GSS Kuriga, disse que alguns funcionários e estudantes conseguiram escapar enquanto os criminosos atiravam para o alto
"Estamos tentando determinar o número real de crianças sequestradas", declarou.
"Na escola de Ensino Médio de Kuriga há 187 desaparecidos, enquanto na escola do Ensino Fundamental 125 crianças desapareceram, mas 25 retornaram", disse.
Um morador da região, Muhammad Adam, compartilhou com a AFP um balanço similar.
"Mais de 280 foram sequestrados. Em um primeiro momento, nós pensamos que eram 200, mas após uma contagem detalhada, determinamos que o número de crianças sequestradas supera 280", afirmou.
"Imploramos ao governo (...) que nos ajude com a segurança", pediu outro morador, Musa Muhammed, que contou ter ouvido "tiros disparados pelos bandidos" no início da manhã.
"Locais seguros"
"No momento, não sabemos o número de crianças ou estudantes sequestrados", declarou o governador do estado de Kaduna, Uba Sani, à imprensa.
"Nenhuma criança será abandonada", acrescentou.
As estimativas do número de pessoas sequestradas ou desaparecidas na Nigéria diminuem com frequência, à medida que as pessoas que conseguem fugir dos criminosos retornam para casa.
A Anistia Internacional condenou os sequestros em Kaduna e fez um apelo às autoridades para que protejam de modo mais eficiente as escolas. Estas "deveriam ser locais seguros e nenhuma criança deveria ter que escolher entre sua educação e sua vida", escreveu a ONG na rede social X.
O presidente Bola Ahmed Tinud assumiu o poder em 2023 com a promessa, como seus antecessores, de enfrentar o enorme desafio da violência, alimentada, entre outros, pelos grupos jihadistas e os grupos criminosos do nordeste.
Nos últimos anos, centenas de estudantes foram sequestrados no noroeste e centro da Nigéria. Muitos foram liberados após o pagamento de resgate, depois de semanas ou meses em cativeiro.
Mais de 100 mulheres estão desaparecidas no nordeste do país desde a semana passada, após sequestro em massa atribuído a jihadistas.
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