A Família Real enfrentou um início de ano difícil, repleto de incertezas sobre a saúde de alguns de seus integrantes e uma onda de boatos e especulações.
Mas o que será que eles podem fazer para voltar à normalidade? E que desafios devem enfrentar?
Como se encontra Kate?
Usuários de redes sociais não sabem lidar com vácuo de informação. Em grupos de WhatsApp, Facebook e TikTok, especulações sobre a princesa de Gales são onipresentes.
Recuperando-se de uma cirurgia abdominal planejada, ela ainda não apareceu em público em 2024. E a explicação para sua ausência foi reiterada pelas autoridades reais esta semana:
"O Palácio de Kensington deixou claros em janeiro os prazos para a recuperação da princesa. Dissemos que forneceríamos apenas atualizações significativas. Essa orientação permanece."
O lado positivo para a família real é que o interesse indica que os britânicos lhes dão importância. Indiferença seria pior. E eu prevejo uma grande mudança quando a situação ficar mais clara, o que vai acontecer, e as pessoas forem tranquilizadas.
Algumas dúvidas de longo prazo podem surgir a partir daí, no entanto, sobre como deveria ser um relacionamento maduro com a realeza. Não se deve esperar de ninguém a perfeição. Todos temos nossas fraquezas, mas isso também significa mais transparência no Palácio de Buckingham.
Cultura do sigilo
Todos têm direito à privacidade, mas para figuras públicas, especialmente aquelas que recebem salrios públicos, existe uma linha tênue entre privacidade e sigilo.
Parte do problema atual da realeza é o acúmulo de incógnitas: a doença de Catherine, o tipo de câncer do rei Charles e o “assunto pessoal” que impediu que o príncipe William continuasse no funeral de seu padrinho.
É uma nuvem cada vez maior de incertezas que só faz alimentar as especulações online. É isso que acontece quando as informações disponveis são suficientes apenas para gerar mais perguntas e não para gerar respostas.
Há uma questão maior sobre sigilo em uma monarquia moderna. É necessário algum mistério para manter a mística. Mas isso tambm pode parecer ocultação.
Historiadores queixam-se do sigilo excessivo em torno de documentos de arquivo. A famlia real deveria estar disposta a responder perguntas sobre seu trabalho? Parece estranho que, em 2024, eles façam fazer visitas e viagens oficiais e não tenham que dar satisfações sobre o que seus passos.
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Um rei virtual
A ausência do líder é uma grande dificuldade para qualquer instituição. O rei está em tratamento contra um câncer e, portanto, compreensivelmente, não participa de eventos públicos. Sua sade tem que ser a prioridade para ele e para a família.
Mas a pressão para estar visível permanece. Há um ditado real de longa data que diz que “para uma monarquia, é preciso ver para crer”.
Ele é um reflexo de como os períodos de impopularidade da monarquia britânica foram frequentemente associados ao fato de estarem longe dos olhos do público, como quando a rainha Vitória, de luto pela perda do Rei Alberto, retirou-se da vida pública.
Podemos esperar mais aparições virtuais do rei, como mensagens de vídeo e discursos ou postagens em redes sociais, da mesma forma que ele foi visto recentemente lendo cartas com desejos de melhoras.
Também pode haver mais intervenções, como a declaração de apoio à Ucrânia. Sua equipe tentará mantê-lo nas manchetes, mesmo que ele não apareça ou participe de eventos em pblico.
Também vale lembrar que, no caso do rei Charles, pesquisas de opinião indicam que a maioria das pessoas acreditava que a informação sobre sua condição de saúde foi divulgada na medida certa. Apenas 13% esperavam mais detalhes, de acordo com a pesquisa YouGov.
Realeza que não trabalha, mas que é altamente visível
O príncipe Andrew voltou às primeiras páginas esta semana, o que geralmente significa problemas para a realeza.
Na caminhada em direção ao funeral do rei Constantino da Grécia, ele liderava o "time reserva" da monarquia e foi acusado pelos jornais de atrair os holofotes com muito entusiasmo.
Também é de se esperar que ele voltará às manchetes no mês que vem com o filme da Netflix sobre a entrevista que deu ao ao programa jornalístico da BBC Newsnight em 2019. Se existisse um museu das entrevistas problemáticas, a entrevista seria a peça principal da exposição.
Todas as perguntas sobre Jeffrey Epstein, Virginia Giuffre e Woking voltarão para assombrar a realeza. Andrew virou o bumerangue das más notícias.
Por motivos muito diferentes, o príncipe Harry é outro ponto de tensão há muito não resolvido para a realeza. Nunca houve uma resolução adequada sobre seu papel na famlia. Desde que Harry se mudou para os Estados Unidos, o discurso tem sido de que não existe "metade dentro, metade fora da realeza". Mas ele segue quase como uma corte rival, um príncipe além-mar, um príncipe inquieto.
A Família Real precisa ser uma força unificadora, o que é difícil numa era tão polarizada, e ainda mais quando parece ser uma família em conflito interno.
Embora, pelo lado mais positivo, esse seja o motivo que leva alguns a dizerem que ser uma família disfuncional é a única coisa que aproxima a realeza do povo.
Diferença entre gerações
O problema da realeza está na sua juventude — ou, para ser mais exato, na sua falta de juventude. Isso ficou ainda mais dolorosamente visível nesta semana, sem William ou Catherine, quando a realeza se reuniu para o funeral em Windsor. Eles pareciam mais velhos e mais frágeis. Para não dizer mais pálidos.
O que torna agrava o problema é a falta de apelo para britânicos mais jovens, uma mensagem apontada por várias pesquisas de opinião. Há nitidamente uma grande dificuldade em não parecerem e soarem anacrônicos. Como a monarquia poderia encontrar um toque mais leve e divertido?
Conquistar os mais jovens é complicado para uma máquina da realeza que ainda se concentra nos noticiários tradicionais da TV e nas primeiras páginas dos jornais, que têm uma probabilidade cada vez menor de atingir esse público.
E se a era da deferência acabou, como uma monarquia moderna deve se comunicar com o povo?
Depois de um inverno ruim, a realeza deve estar ansiosa por um pouco de sol de primavera.