Robustecido pela vitória da véspera, que lhe garantiu o quinto mandato à frente do Kremlin, o presidente Vladimir Putin discursou, ontem à noite, durante a celebração dos 10 anos de anexação da Crimeia à Rússia. Diante de uma multidão reunida na Praça Vermelha, em Moscou, ele desdenhou da reação de países ocidentais, que consideraram as eleições do domingo ilegítimas.
“De mãos dadas avançaremos e isso nos tornará mais fortes. Viva a Rússia!”, disse Putin na Praça Vermelha. Após sua vitória, ainda no domingo à noite, ele declarou que o resultado das urnas mostra um país que não se deixará “intimidar” por seus adversários.
No discurso, Putin celebrou a “consolidação da política interna”, Na Praça Vermelha, festa pelos 10 anos de anexação da Crimeia dois anos após o início da ofensiva contra a Ucrânia e das sanções ocidentais contra o país. “Não importa quem ou o quanto querem nos intimidar, não importa quem ou o quanto querem nos esmagar”, disse o presidente. “Não funcionou agora e não funcionará no futuro”, frisou.
No poder desde maio de 2000, o líder russo, de 71 anos, foi reeleito para o seu quinto mandato com 87,28% dos votos, em um pleito que durou três dias sem um candidato opositor com opções reais e que também foram realizadas nas regiões da Ucrânia ocupadas pelas forças de Moscou. É um resultado “excepcional” e uma “confirmação eloquente do apoio do povo russo” ao presidente, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
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Na Praça Vermelha, Putin subiu no palco com os três candidatos que concorreram contra ele nas eleições, após recebê-los em uma reunião no Kremlin na qual todos o parabenizaram. Os “rivais” obtiveram 4,31%, 3,85% e 3,20% respectivamente, segundo esse resultado, que não inclui os votos no exterior.
Todos os principais opositores de Putin estão mortos, na prisão ou no exílio. As eleições aconteceram um mês depois que o principal detrator de Putin, Alexei Navalny, morreu na prisão. Nesse cenário, conseguiu 10 pontos a mais do que em 2018. Putin ainda poderá concorrer em 2030 e permanecer no poder até 2036.
A oposição conseguiu, contudo, se expressar simbolicamente, respondendo ao chamado da viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, que prometeu seguir com a causa do marido e pediu aos seus apoiadores que votassem ao meio-dia de domingo. Navalnaya votou na embaixada russa em Berlim, onde vive exilada com os filhos.
Em outras embaixadas russas, longas filas também se formaram ao meio-dia. Dezenas de milhares de russos exilaram-se no exterior desde o início da ofensiva contra a Ucrânia por medo da repressão ou de serem recrutados para o Exército. No cemitério onde Navalny foi sepultado, na capital russa, dezenas de pessoas colocaram flores e cédulas com o nome do opositor.
Muitos países ocidentais criticaram as eleições. O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Vedant Patel, assinalou que as eleições na Rússia foram “um processo incrivelmente antidemocrático” e afirmou que Washington não vai parabenizar Putin. A reeleição de Putin baseia-se na “repressão e intimidação”, afirmou, por sua vez, o alto representante de política externa da União Europeia, Josep Borrell.
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