"Os médicos já não veem bebês de tamanho normal" em Gaza, declarou, nesta sexta-feira (15/3), um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), "aterrorizado" pelas 180 mulheres famintas e desidratadas que, em média, dão à luz a cada dia no território palestino.
"Pessoalmente, saí de Gaza esta semana aterrorizado pelo milhão de mulheres e meninas que estão em Gaza, pelas 650.000 que estão em idade fértil e, sobretudo, pelas 180 mulheres que dão à luz a cada dia", disse Dominic Allen, responsável para os territórios palestinos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), durante uma coletiva de imprensa em vídeo de Jerusalém, em Israel.
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Allen visitou hospitais que ainda oferecem serviços de maternidade no norte da Faixa de Gaza, onde mais de 31.000 pessoas morreram desde o começo da ofensiva israelense, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
"Os médicos dizem que já não veem bebês de tamanho normal" e que veem mais "bebês nascidos mortos", lamentou, descrevendo mulheres grávidas "esgotadas pelo medo, por terem sido deslocadas diversas vezes, pela fome" e a desidratação.
"Essas mães deveriam estar segurando seus filhos nos braços, não em sacos para cadáveres."
Também destacou a falta de anestésico para cesáreas e condenou o fato de as autoridades israelenses impedirem o acesso de produtos enviados pela UNFPA, como as lanternas contidas em "kits de parteira" e painéis solares.
"Se posso descrever o que vi, senti e ouvi durante minha estada em Gaza [...] é um pesadelo maior do que uma crise humanitária, é uma crise de humanidade", disse. "É pior do que eu posso descrever, do que mostram as fotos, do que se possa imaginar", frisou.
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Na viagem ao norte da Faixa, "o que vi partiu meu coração", insistiu, citando a "emoção indescritível" nos olhos da população.
"Todas as pessoas que vimos e com as quais falamos estavam muito magras, famintas, todas faziam este sinal para pedir comida", descreveu, levando as mãos à boca.
Também contou ter passado por um posto de controle militar, onde "um menino pequeno, que parecia ter cinco anos, caminhava assustado, com as mãos para o alto, com sua irmã logo atrás, talvez dois anos mais velha, portando uma bandeira branca".
A guerra começou em 7 de outubro por um ataque sem precedentes no sul de Israel por parte de comandos do Hamas vindos de Gaza, que causou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em fontes oficiais israelenses.
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