RÚSSIA

Putin encerra campanha para se tornar líder mais longevo desde a revolução russa

A votação termina no domingo, mas o resultado é uma barbada. Dois anos após invadir a Ucrânia, Putin está mais perto de uma vitória na guerra, o que vem aterrorizando os países europeus

Em 2020, Putin alterou a Constituição e eliminou a barreira à reeleição, o que significa que ele poderá se candidatar de novo em 2030, quando terá 77 anos -  (crédito: Sergey Guneyev/AFP)
Em 2020, Putin alterou a Constituição e eliminou a barreira à reeleição, o que significa que ele poderá se candidatar de novo em 2030, quando terá 77 anos - (crédito: Sergey Guneyev/AFP)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, encerrou ontem a campanha eleitoral que deve, segundo todas as pesquisas, lhe dar outro mandato. Se completar mais seis anos à frente da Rússia, ele se tornará o líder mais longevo desde a revolução, ultrapassando Josef Stalin, que ocupou o Kremlin por 29 anos. Para quem caça ursos, joga hóquei e cavalga sem camisa na Sibéria, o recorde parece mera formalidade.

A votação termina no domingo, mas o resultado é uma barbada. Dois anos após invadir a Ucrânia, Putin está mais perto de uma vitória na guerra, o que vem aterrorizando os países europeus, especialmente os que eram satélites soviéticos. As sanções internacionais parecem não ter movido uma palha na política externa agressiva da Rússia.

Segundo o Levada Center, um instituto de pesquisa independente - talvez o único da Rússia -, a popularidade de Putin está acima dos 80%. Internamente, ele desmontou a oposição, criando leis draconianas que levaram a maioria ao exílio ou para a prisão. Em fevereiro, em uma dessas colônias penais, morreu o principal líder dissidente, Alexei Navalni, aos 47 anos, em circunstâncias não esclarecidas.

O aparente assassinato de Navalni deu gás à oposição e aumentou a pressão internacional sobre o regime, embora Putin pareça imune às duas coisas. "O mundo precisa aceitar que Putin é um assassino", disse Yulia Navalnaia, viúva do líder opositor, em artigo publicano no Washington Post.

Na quarta-feira (13/3), Putin fez um apelo na TV para que os 112 milhões de eleitores russos compareçam às urnas, no que ele descreveu como um "passo para o futuro", enfatizando a luta e o exemplo dos soldados que lutam na Ucrânia. O Kremlin busca uma vitória histórica para legitimar a guerra, se possível com mais de 80% dos votos - Putin nunca obteve mais de 77%.

"Estou convencido de que vocês compreendem o período difícil que o nosso país atravessa, os desafios que enfrentamos em praticamente todas as áreas" disse Putin "Peço que votem no candidato de sua escolha, pelo futuro da Rússia. Participar nas eleições é demonstrar seus sentimentos patrióticos."

A Comissão Eleitoral Central (CEC) registrou apenas mais três candidatos, nenhum deles de oposição de verdade: o comunista Nikolai Kharkinov e o liberal Vladislav Davankov, têm 6% das intenções de voto. O ultranacionalista Leonid Slutski, 5%. Em 2020, Putin alterou a Constituição e eliminou a barreira à reeleição, o que significa que ele poderá se candidatar de novo em 2030, quando terá 77 anos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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postado em 14/03/2024 19:32 / atualizado em 14/03/2024 19:32
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