Lisboa — Boa parte dos portugueses aproveitou a trégua das chuvas e da neve para exercer o direito ao voto nas eleições deste domingo (07/03). Na maior parte das seções eleitorais de Portugal, os eleitores enfrentaram filas, mas o clima era de tranquilidade. Havia a consciência entre os votantes sobre a importância de se reforçar a democracia, cuja conquista completará 50 anos em abril próximo.
“Não dá para ficar em casa de chinelos, vendo televisão. Todos devem votar. É uma conquista da qual não podemos abrir mão”, disse o aposentado Carlos Varandas, 66 anos. O índice de abstenção em Portugal tem girado em torno de 50%.
O país europeu antecipou as eleições em dois anos, depois do pedido de renúncia do socialista António Costa do cargo de primeiro-ministro em novembro passado. O Ministério Público deflagrou a operação Influencer, diante das suspeitas de corrupção no governo. Até agora, nada foi provado.
Veja como está a votação em Portugal:
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições. O sistema político em Portugal é semiparlamentarista. Os eleitores votam nos partidos, que fazem uma lista de candidatos. A legenda mais votada, se conseguir maioria, indica o primeiro-ministro.
Para o aposentado Francisco Felipe, 71, as principais preocupações dos portugueses neste momento são as dificuldades no sistema de saúde, a educação e a falta de moradia a preços justo. O próximo governo, afirmou ele, terá de enfrentar essas questões. A mesma avaliação é feita pela aposentada Maria da Graça, 69, que também vê injustiças no Judiciário. “Há um descontentamento por parte das pessoas com os partidos e os políticos, por causa da corrupção. Mas isso só reforça a necessidade de se votar”, acrescentou.
Ex-integrante da Marinha portuguesa, o reformado Vítor Antunes, 67, destacou que vota desde os 18 anos, quando Portugal se livrou da ditadura salazarista. “Sei muito bem o que foi aquele período. Temos de preservar a liberdade do voto que conquistamos. É preciso votar para poder reclamar”, disse. Na avaliação dele, além das questões econômicas e da saúde e da educação, o futuro governo deve resolver as discrepâncias salariais nas forças de segurança.
Nem Antunes nem Carlos Varandas veem riscos se a maioria dos eleitores decidir por uma guinada de Portugal mais à direita. “Se for uma coisa ligeira, não vejo perigo”, afirmou o ex-integrante da Marinha. Ele ressaltou ainda que o país está acostumado à alternância de poder, o que faz parte da democracia. “Há quem acredite no discurso da extrema-direita, que fala muita coisa que todos querem ouvir. Mas cabe aos partidos ditos democráticos reconquistarem a confiança dos eleitores”, emendou Varandas.
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