ELEIÇÕES

Portugal tem mais de 1 milhão de eleitores fantasmas, diz especialista

Os votos em Portugal são em cédulas de papel, pois o país ainda não conseguiu implantar um sistema eletrônico, como no Brasil

Em Portugal, estão aptos a exercerem o dever cívico 10,8 milhões de pessoas, mas o número de habitantes previsto no último censo é de 10,4 milhões -  (crédito: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP)
Em Portugal, estão aptos a exercerem o dever cívico 10,8 milhões de pessoas, mas o número de habitantes previsto no último censo é de 10,4 milhões - (crédito: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP)

Lisboa — Portugal vai às urnas neste domingo (10/03) num quadro de extrema indefinição. Em meio às expectativas de quem sairá vencedor nas urnas, um fato tem chamado a atenção dos especialistas: o número de votantes cadastrados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) é maior do que a população do país. Estão aptos a exercerem o dever cívico 10,8 milhões de pessoas, mas o número de habitantes previsto no último censo é de 10,4 milhões. Para Vitalino Canas, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, há eleitores fantasmas nessa lista.

Segundo ele, o processo de recadastramento de eleitores em Portugal é falho e inclui pessoas que já morreram. Ele estima de a lista de votantes deve incluir mais de 1 milhão de fantasmas. “Esse problema técnico ajuda a elevar os índices de abstenção”, afirma. Nas disputas para a Assembleia da República em 2022, os faltosos chegaram a 48,6% do total dos cadastrados para votar, um recorde. Para professor, é possível que a abstenção seja ainda maior neste domingo. Procurada por e-mail pelo Correio, a Comissão de Eleições não respondeu.

Os votos em Portugal são em cédulas de papel, pois o país ainda não conseguiu implantar um sistema eletrônico, como no Brasil. As eleições deste domingo foram antecipadas em dois anos. O motivo foi a renúncia de António Costa do cargo de primeiro-ministro, após seu governo ser acusado de corrupção e favorecimento a empresários, o que até agora não foi comprovado. O Partido Socialista (PS), de Costa, tentou se manter no poder, mas o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver o Parlamento e convocar novas votações. Desde aquela decisão até as votações deste domingo, se passaram quatro meses.

Pelas pesquisas de intenção de votos, não é possível afirmar qual partido sairá vencedor das urnas. As duas principais forças políticas que lideram as sondagens, a Aliança Democrática (AD) e o Partido Socialista (PS), estão empatadas dentro da margem de erro. Pelo levantamento do instituto brasileiro Ipespe, contratado pela CNN local, a AD, liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), tem 29% da preferencial do eleitorado. Já o PS aparece com 24%. Em seguida, está o Chega, da ultradireita, com 13%.

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postado em 09/03/2024 21:38 / atualizado em 09/03/2024 21:39
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