HORROR NO ORIENTE MÉDIO

Comissão Europeia quer abrir corredor humanitário pelo mar para ajudar Gaza

Comissão Europeia pretende abrir um corredor marinho para enviar suprimentos aos palestinos, depois de Joe Biden anunciar a construção de um porto temporário. Às esperas do feriado do Ramadã, não há sinais de cessar-fogo

Paraquedas com alimentos e remédios lançados no norte do enclave palestino: segundo a ONU, 2,2 milhões de pessoas estão à beira da fome      -  (crédito:  AFP)
Paraquedas com alimentos e remédios lançados no norte do enclave palestino: segundo a ONU, 2,2 milhões de pessoas estão à beira da fome - (crédito: AFP)

Um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propor a construção de um porto temporário para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a abertura de um corredor marinho a partir do Chipre. Sem divulgar detalhes, ela afirmou que a operação piloto deve ocorrer amanhã, no início do feriado religioso Ramadã, e que os Emirados Árabes Unidos ajudarão na empreitada, "assegurando o primeiro de muitos envios de mercadorias à população de Gaza".

Em um cenário de trégua cada vez mais distante, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estão à beira da fome e defende que alternativas ao abastecimento por terra devem ser consideradas secundárias. "A diversificação das rotas de abastecimento por terra continua sendo a melhor solução", afirmou Sigrid Kaag, coordenadora da ajuda da ONU para Gaza.

Há uma semana, países como Estados Unidos, Jordânia e França começaram a lançar alimentos por avião, diante do cerco terrestre de Israel ao enclave palestino. Ontem, durante a entrega aérea de ajuda humanitária, cinco pessoas teriam morrido e 10 ficado feridas, segundo informações da equipe médica do Hospital Al Shifa. O suposto acidente, negado pelo Pentágono, ocorreu no campo de refugiados de Al Shati, perto da costa.

"Foguete"

"Quando os aviões começaram a lançar a carga, eu e meu irmão nos dirigimos para a área com a esperança de recuperar um saco de farinha", contou à agência France Presse (AFP) Mohamed al Goul, 50 anos, morador do campo de refugiados. "Mas o paraquedas não se abriu e a carga caiu como um foguete sobre o teto de uma das casas", disse. O Pentágono afirmou que o relato é falso, assinalando que todos os pacotes chegaram em segurança. 

Na quinta-feira à noite, no discurso anual ao Congresso, Joe Biden informou que o Exército norte-americano tem a missão de "estabelecer um cais provisório no Mediterrâneo, na costa de Gaza, que possa receber grandes carregamentos de alimentos, água, medicamentos e abrigos temporários". O governo dos Estados Unidos tem pressionado cada vez mais seu aliado Israel. Ontem, Biden afirmou que o premiê  Benjamin Netanyahu deve permitir que mais ajuda chegue ao território palestino, depois de flagrado com o microfone aberto, dizendo que confrontaria o israelense pelo conflito. 

 Segundo o porta-voz da diplomacia de Israel, Lior Haiat, o país "recebeu com satisfação o plano que permitirá aumentar a ajuda humanitária após um controle de segurança, de acordo com as normas israelenses". A construção do cais provisório no Chipre vai demorar várias semanas e não inclui o envio de soldados norte-americanos ao território, segundo assegurou a Casa Branca.

Desnutrição

O Ministério da Saúde em Gaza, governado pelo Hamas desde 2007, afirmou que pelo menos 20 civis — a maioria crianças — morreram, vítimas de desnutrição e desidratação nos últimos dias. A situação é especialmente crítica no norte do enclave, onde a distribuição de ajuda por terra é quase impossível devido aos combates, à destruição e aos saques.

O conflito entre Israel e o Hamas em Gaza eclodiu depois que combatentes do movimento atacaram o sul do país, em 7 de outubro do ano passado, e mataram 1.160 pessoas, de acordo com uma contagem da AFP, baseada em números oficiais israelenses. Até agora, a guerra deixou 30.878 mortos no território palestino, conforme os números do grupo extremista.

Nos 365 km² da Faixa de Gaza, vivem 2,4 milhões de pessoas. Israel mantém a região sob cerco total desde 9 de outubro, limitando a entrada de ajuda humanitária. No fim de fevereiro, mais de 100 palestinos morreram, quando soldados israelenses abriram fogo contra uma multidão que aguardava a entrega de alimentos.

 

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postado em 09/03/2024 05:01
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