EUA

Super Terça deixa Trump perto da revanche contra Biden; veja os resultados

Houve, no entanto, algumas surpresas e alguns sinais de alerta para o republicano e o democrata no maior dia de votação das primárias americanas.

Super Terça deixa Trump perto da revanche contra Biden; veja os resultados -  (crédito: Getty Images)
Super Terça deixa Trump perto da revanche contra Biden; veja os resultados - (crédito: Getty Images)
Mulheres em centro de votação nos EUA
Getty Images

A chamada Super Terça, o maior dia de votação das primárias americanas, não foi tão emocionante neste ano devido a uma série de resultados previsíveis — mas houve algumas surpresas e alguns sinais de alerta para Donald Trump e Joe Biden antes da esperada revanche do republicano contra o democrata nas eleições presidenciais de novembro.

A seguir, estão algumas das principais conclusões que podemos tirar depois que milhões de eleitores em 15 Estados, incluindo os mais populosos — Califórnia e Texas —, e em um território (Samoa Americana) foram às urnas na terça-feira (5/3) escolher seus candidatos preferidos para presidente dos EUA.

Trump a todo vapor

Trump teve um desempenho avassalador, com vitórias em Estados de todo o país.

“Eles chamam de Super Terça por uma razão”, disse Trump a apoiadores na Flórida. "Esta é das grandes."

Algumas das vitórias foram surpreendentes pela sua dimensão: uma margem de 70% no Alabama, 61% no Texas, e cerca de 70% dos votos na Califórnia.

O ex-presidente vai sair com uma vantagem quase intransponível em número de delegados para representá-lo na Convenção Nacional Republicana, que acontece em julho, mesmo que tenha de esperar até a próxima semana para garantir matematicamente a nomeação republicana.

As pesquisas de boca de urna dão algumas indicações sobre por que o desempenho do ex-presidente foi tão avassalador.

Na Carolina do Norte, 43% dos eleitores republicanos que votaram nas primárias disseram que a imigração era a questão mais importante para eles — tema que tem estado no topo da agenda política de Trump desde que ele lançou sua primeira candidatura presidencial em 2015.

Na Virgínia, 64% afirmaram que confiavam em Trump — e não em Nikki Haley, a adversária do ex-presidente na disputa pela nomeação republicana — para lidar com a segurança das fronteiras.

Os eleitores das primárias na Virgínia também disseram que queriam um candidato que compartilhasse dos seus valores e lutasse por pessoas como eles — qualidades que favorecem Trump —, acima da questão do temperamento e da elegibilidade.

A elegibilidade do ex-presidente foi um dos argumentos centrais usados por Haley para tentar convencer os eleitores. Aparentemente, caiu por terra.

Mas há alguns sinais de alerta

Apesar da ampla vitória, houve indícios de descontentamento contínuo com Trump entre alguns eleitores republicanos nas primárias.

Na Virgínia e na Carolina do Norte, Haley continuou a ter um bom desempenho em condados com um grande número de eleitores jovens, com ensino superior, dos subúrbios — e algumas das suas preocupações foram registradas nas pesquisas de boca de urna.

De acordo com os levantamentos, 40% dos eleitores republicanos nas primárias na Virgínia e 32% na Carolina do Norte disseram que Trump — que enfrenta quatro processos criminais — não estaria apto a ser presidente se fosse condenado por um crime.

Entre os eleitores de Haley na Carolina do Norte, apenas 21% afirmaram que votariam no candidato indicado pelo Partido Republicano “não importa quem seja”.

Na noite de terça-feira, a campanha de Haley chamou a atenção para tais resultados e emitiu um alerta.

“Hoje, em Estado após Estado, continua havendo um grande bloco de eleitores republicanos nas primárias que expressam profundas preocupações sobre Donald Trump”, declarou uma porta-voz.

É claro que as opiniões podem mudar no calor da campanha para as eleições de novembro. Em 2016, as pesquisas de boca de urna mostraram que 75% dos eleitores que não votaram em Trump nas primárias republicanas ficariam insatisfeitos com Trump como eventual candidato.

Mas, no fim das contas, 90% dos republicanos apoiaram Trump na disputa contra a democrata Hillary Clinton nas eleições daquele ano.

Nikki Haley surpreende em Vermont

Haley, que é ex-governadora da Carolina do Sul, optou por não realizar um evento público na noite da Super Terça, refletindo talvez a crença da campanha de que haveria pouco a comemorar com os resultados do dia.

Mas ela poderia ter realizado uma festa para comemorar a vitória em Vermont. Apesar das pesquisas mostrarem que ela estava ficando para trás no pequeno Estado do nordeste, Haley conseguiu uma vitória apertada lá — sua segunda vitória na temporada das primárias.

Ela fez campanha em Burlington no domingo (3/3) ao lado do popular governador republicano do estado, Phil Scott, que disse que republicanos, independentes e democratas deveriam se unir para deter Trump.

Em Vermont, funcionou. Em todas as outras votações da Super Terça, no entanto, simplesmente não houve eleitores anti-Trump suficientes — nem sequer em estados como a Virgínia, que permitem que não-republicanos votem nas primárias do partido — para se traduzir em vitórias ou até mesmo em derrotas apertadas.

Semanas atrás, Haley prometeu permanecer na corrida pela indicação do partido até a Super Terça, na esperança de aumentar seu total de delegados. Os resultados de terça-feira vão fazer isso, mas não em uma quantidade substancial.

Agora começa o jogo de espera sobre quando — e como — ela vai jogar a toalha.

No início desta semana, ela disse que não se sentia comprometida em apoiar Trump, apesar de uma promessa anterior, se ele for nomeado candidato do partido.

Será que ela vai acabar apoiando o ex-presidente, apesar das recentes críticas contundentes? Ou será que ela está buscando uma candidatura presidencial independente?

Com todo o drama agora abolido das disputas das primárias, o futuro de Haley é uma das poucas fontes imediatas de mistério.

Biden enfrenta voto de protesto por Gaza

Nas primárias em Michigan, na semana passada, mais de 100 mil eleitores — 12% do total — optaram pelo voto "descomprometido", em vez de escolher o presidente em exercício, como parte de um protesto organizado contra a guerra em Gaza.

Esse fenômeno foi observado novamente na terça-feira. Em Minnesota, a opção “descomprometido” obteve aproximadamente 20% dos votos — e superou essa marca nos condados ao redor de Minneapolis, a maior cidade do estado.

Na Carolina do Norte, um dos poucos Estados verdadeiramente decisivos para as eleições gerais no calendário da Super Terça, 12% dos eleitores votaram na opção "sem preferência".

“Os números desta noite mostraram que o presidente Biden não pode reconquistar nossos votos apenas com retórica”, disse a porta-voz da campanha Vote 'Uncommitted' Minnesota, Asma Nizami.

“Mais de 35 mil habitantes de Minnesota deixaram claro que os democratas querem que Joe Biden mude suas políticas.”

Grupos pró-Palestina já estão de olho nas primárias da próxima semana no estado de Washington, que tem uma população considerável de ativistas de esquerda.

Se a campanha de Biden esperava que Michigan, com a sua grande população de árabes-americanos, fosse o início e o fim dos votos de protesto contra o atual presidente, a Super Terça terá sido uma surpresa desagradável.

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BBC
Anthony Zurcher - Correspondente da BBC na América do Norte
postado em 06/03/2024 07:27 / atualizado em 06/03/2024 13:06
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