Liderada por Estados Unidos, União Europeia (UE) e Nações Unidas, a comunidade internacional elevou ontem o tom das cobranças de respostas de Israel sobre a tragédia ocorrida durante a distribuição de ajuda em Gaza. Os países querem uma investigação independente do episódio, que deixou 115 palestinos mortos e ao menos 760 feridos, vítimas de disparos indiscriminados de soldados israelenses, segundo o grupo islamita Hamas. Também aumentou o clamor para um cessar-fogo no enclave.
O governo de Benjamin Netanyahu nega responsabilidade e sustenta que um tumulto provocou a tragédia. Fontes médicas e testemunhas, porém, contestam essa versão. Afirmam que soldados israelenses atiraram contra a multidão faminta que cercou um comboio de ajuda humanitária na Cidade de Gaza. Em caráter reservado, um integrante do Exército israelense confirmou “disparos limitados” por parte de soldados que se sentiram “ameaçados”.
Diante do agravamento da crise humanitária no enclave, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que participará “nos próximos dias” do lançamento aéreo de ajuda. Vários países, entre eles a Jordânia, começaram adotar essa estratégia para driblar o cerco imposto por Israel. França, Países Baixos, Reino Unido e Egito apoiaram a iniciativa. Os habitantes do enclave sofrem cada vez mais com a escassez de alimento, água e medicamentos.
Trégua
Biden admitiu que a tragédia de quinta-feira complica as negociações para um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas, pedindo uma apuração isenta. No mesmo sentido, manifestou-se a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Alemanha e a França reforçaram o coro, enquanto Itália e Espanha consideraram “urgente” que um acordo de trégua seja alcançado. A China também pediu um “cessar-fogo” e a garantia de entrega de ajuda humanitária a Gaza.
No mundo árabe, a reação foi de indignação. A Arábia Saudita condenou “os ataques das forças de ocupação contra civis indefesos”. A Liga Árabe criticou um “ato bárbaro e brutal que despreza totalmente a vida humana”. O Catar, um dos principais mediadores na guerra, pediu uma “ação internacional para acabar de maneira imediata com a agressão (israelense)”.
Ontem, uma equipe da ONU visitou o hospital Al Shifa da Cidade de Gaza, onde constatou “um grande número de feridos a tiros”. Toda essa situação, no entanto, não teve o efeito de diminuir o nível de violência no enclave. Durante a noite foram registrados novos bombardeios israelenses contra Gaza, em particular em Khan Yunis e Rafah, no sul do território, onde milhares de pessoas buscaram refúgio.
Em uma informação não confirmada, o braço armado do Hamas afirmou que sete reféns capturados em 7 de outubro pelos extremistas morreram nos bombardeios israelenses nas últimas semanas.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br