ENTENDA

Por que precisamos de anos bissextos?

Anos bissextos são importantes para que calendário esteja sincronizado com estações do ano.

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Anos bissextos mantêm calendário sincronizado com estações do ano

2024 é um ano bissexto, o que significa que temos um dia a mais no calendário.

Mas por que precisamos deste dia?

Bem, um dia é o tempo que a Terra leva para girar uma vez — 24 horas. Já um ano, é quanto tempo leva para a Terra orbitar o Sol — 365 dias.

Quer dizer, quase isso... leva 365,24219 dias.

Arredondando, essa diferença nos dá um dia inteiro depois de quatro anos, que é adicionado ao mês mais curto do ano: fevereiro.

E ocasionalmente, um ano bissexto é pulado. Isso porque ao arredondarmos 365,24219 dias para 365 dias, deixamos uma pequena diferença que acabaria por adicionar três dias extras a cada 400 anos.

Para corrigir isso, anos que encerram séculos só são bissextos se puderem ser divididos por 400.

Apesar de parecerem confusas, essas regras são importantes para que o nosso calendário esteja sincronizado com as estações do ano.

Por que temos anos bissextos?

Para responder o por que a cada quatro anos temos esta anomalia nos nossos calendários devemos voltar à Roma antiga, há mais de dois milênios, quando se descobriu que o calendário não estava totalmente alinhado com o ano solar.

Foi o líder romano Júlio César quem pediu ao astrônomo alexandrino Sosígenes que o ajudasse a criar uma alternativa ao calendário romano mais adaptada à realidade e à rotação da Terra.

Nosso planeta não leva apenas 365 para dar uma volta ao redor do Sol, mas sim 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 56 segundos.

Por isso, Sosígenes propôs um calendário extremamente similiar ao dos egípcios, que tinha 365 dias com um dia adicional a cada quatro anos para se alinhar com o ano solar.

Assim nasceu o calendário juliano, batizado em homenagem ao imperador.

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Anos bissextos são ideia de Júlio César, mas o calendário dele não é o que usamos hoje

Porém, esse sistema também tinha pequenos erros e foi sendo progressivamente substituído pelo calendário gregoriano a partir de 1582. É esse o calendário que nos rege hoje.

Como o calendário juliano exigia um dia adicional a cada quatro anos, os romanos decidiram que esse dia seria em fevereiro, que na época era o último mês do ano.

O nome bissexto vem do latim "ante diem bis sextum Kalendas Martias" ("o sexto dia antes das Calendas de Março"), ou seja, o dia 24 de fevereiro. Como a frase era longa, acabou resumida para "bis sextus", que em português virou bissexto.

Anos depois, o papa Gregório 13 decidiu com, uma bula papal, aperfeiçoar o calendário.

Uma das mudanças foi que o dia adicional dos anos bissextos seria o 29 de fevereiro, e não o 24, definido pelo calendário juliano.

Uma solução matemática

Assessorado pelo astrônomo jesuíta Christopher Clavius, o papa também estabeleceu que o dia seguinte a 4 de outubro de 1582 seria 15 de outubro, uma supressão de dez dias que ajudaria a resolver o desalinhamento com o ano solar.

E, para que esse desajuste não voltasse a ocorrer, criou-se um sistema de exceções aos anos bissextos.

Não seriam bissextos os anos múltiplos de cem, a menos que também sejam múltiplos de 400. Por essa razão não foram bissextos o ano de 1800 nem 1900, embora tenha sido bissexto o ano 2000.

Por esse mesmo motivo, os anos de 2100 e de 2200 não serão bissextos.

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Durante a Revolução Francesa tentou-se modificar o calendário moderno

Um calendário sem referências religiosas

Esse conjunto de reformas inaugurou o calendário moderno, atualmente conhecido como calendário gregoriano.

Desde essas últimas mudanças, não houve novas alterações.

Porém, em alguns países como a França, houve movimentos para modificar o calendário. Em 1792, durante a Revolução Francesa, o país adotou um calendário republicano, elaborado pelo matemático Gilbert Romme.

Esse calendário pretendia eliminar as referências religiosas e dar outros nomes aos meses, que se referiam a fenômenos naturais e à agricultura, alterando ainda a duração deles.

Mas essa versão teve vida curta. Após a derrota de Napoleão, em 1814, a França logo voltou a usar a versão de Gregório 13 e concebida inicialmente por Júlio César.

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