No início do ano, Israel acusou a agência da ONU de assistência aos palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) de colaborar com o Hamas e disse que 10% dos funcionários tinham ligações com o grupo. O escândalo causou a suspensão do financiamento dos EUA e de outros aliados aos trabalhos da UNRWA em Gaza. Segundo o Wall Street Journal, porém, um relatório da inteligência americana questiona boa parte dessa narrativa.
Segundo o jornal, as acusações de envolvimento de alguns membros podem ser críveis, mas não puderam ser verificadas de forma independente. A inteligência dos EUA disse ainda ter "baixa confiança" na alegação de que funcionários da UNRWA tenham participado do ataque terrorista de 7 de outubro, indicando que Israel não havia compartilhado as informações que tinha.
O documento também questiona as acusações de que a agência está colaborando com o Hamas. Segundo o jornal, o relatório menciona que, embora a UNRWA coordene com o grupo para fornecer ajuda e operar em Gaza, não há evidências de uma parceria mais ampla.
O relatório também cita uma antipatia de longa data de Israel com a agência da ONU, segundo duas pessoas familiarizadas com o documento, citadas pelo jornal. Há uma seção específica no relatório, segundo uma das fontes, que menciona como o viés israelense serve para descaracterizar muitas das suas avaliações sobre a UNRWA.
Incerteza
O relatório de quatro páginas feito pelo Conselho Nacional de Inteligência foi distribuído entre funcionários do governo dos EUA na semana passada. Em janeiro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que as acusações de Israel eram "altamente plausíveis", mas admitiu que a agência desempenhava um papel essencial no fornecimento de ajuda em Gaza.
A UNRWA demitiu nove funcionários envolvidos no ataque de 7 de outubro e a ONU lançou uma investigação. O governo brasileiro criticou EUA e Europa pela suspensão do financiamento e prometeu ampliar os repasses à agência. "Meu governo fará aporte adicional de recursos para a agência", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "As denúncias contra UNRWA precisam ser investigadas, mas não podem paralisá-la."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.