As vésperas dos dois anos de invasão à Ucrânia, ocorrida em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia anunciou, ontem, a conquista de novos territórios no leste do país vizinho. O avanço ocorre pouco tempo depois da tomada de Avdiivka, cidade que há meses era alvo de uma feroz ofensiva e, finalmente, foi capturada. O confronto pela localidade, a primeira vitória russa importante desde Bakhmut, em maio do ano passado, foi uma das mais sangrentas desde o início da ofensiva.
Ontem, o Ministério da Defesa da Rússia comemorou a tomada de Pobeda, a 5km de Donestk. "As unidades do Grupo de Forças do Sul libertaram a localidade de Pobeda", registrou, em comunicado, destacando que o Exército conseguiu melhorar suas posições na mesma região, nas proximidades de Novomijailivka e Krasnogorivka. O governo ucraniano não confirmou a perda da cidade e se limitou a afirmar que está "combatendo na região".
Na terça-feira, Moscou reivindicou a tomada de Krynky. Localizada no sul, a região foi ocupada pelas forças ucranianas na margem oriental do Rio Dnieper, onde os russos haviam estabelecido uma posição em outubro do ano passado. O Exército de Kiev declarou, por sua vez, que "matou ou feriu gravemente" em torno de 60 soldados russos em um ataque contra um campo de treinamento na parte ocupada da região de Kherson. A ofensiva foi confirmada no Telegram por especialistas militares da Rússia próximos às forças militares.
Armas
Segundo o governo de Volodymyr Zelensky, Moscou sofre grandes perdas, mas tem um número superior de soldados e armamentos, graças a um orçamento voltado basicamente aos esforços bélicos. O presidente ucraniano reconhece que seu país está em uma posição "extremamente difícil", visto que as tropas enfrentam múltiplos ataques no leste e no sul.
A escassez de munições também é um problema, após uma diminuição na ajuda de seus aliados ocidentais, sobretudo dos Estados Unidos, bloqueada por congressistas. Ontem, o chefe da diplomacia da Ucrânia, Dmitro Kuleba, viajou para Varsóvia, para garantir a passagem sem obstáculos da ajuda militar ocidental pela fronteira com a Polônia, bloqueada por manifestantes poloneses.
O Reino Unido, um dos principais aliados de Kiev, anunciou sanções contra mais de 50 personalidades e empresas russas, além de ter realizado o envio de novos mísseis à Ucrânia. O alvo são fabricantes de munições, mísseis e explosivos, empresas de eletrônica e comerciantes de diamantes e petróleo. O objetivo é reduzir o arsenal de armas do presidente russo, Vladimir Putin, informou a diplomacia britânica.
Washington também anunciou, ontem, um pacote de sanções, mas ao Irã, pelo apoio militar à Rússia. "Em resposta ao apoio contínuo do Irã à guerra brutal da Rússia iremos impor sanções adicionais nos próximos dias e estamos preparados para ir além, se o país vender mísseis balísticos à Rússia", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos jornalistas.
Refugiados
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em dois anos de guerra, mais de 14 milhões de ucranianos, quase um terço da população do país antes da invasão, foi forçada a deixar suas casas. Cerca de 6,5 milhões vivem em outras nações, como refugiados. "A destruição é generalizada. A perda de vidas e o sofrimento continuam", afirmou Amy Pope, diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações, vinculada à ONU, em comunicado.
Paralelamente, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, criticou o "horrível custo humano" causado pela invasão russa da Ucrânia. "O ataque armado em grande escala da Rússia à Ucrânia, que está prestes a entrar no seu terceiro ano, sem sinais de terminar, continua causando violações graves e generalizadas dos direitos humanos", destacou, em nota.
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