Autoridades nos Estados Unidos indiciaram um suposto integrante da máfia japonesa por tráfico de materiais nucleares.
Segundo a acusação, Takeshi Ebisawa, de 60 anos, tentou vender urânio e plutônio que ele acreditava que seriam transferidos para o Irã para construir uma bomba nuclear.
Ebisawa e um outro réu tailandês já haviam sido indiciados em abril de 2022 por tráfico de armas e drogas.
Ele pode ser sentenciado com prisão perpétua.
- Em áudio | Quem foi Vasili Arkhipov, homem que 'salvou' o mundo de guerra nuclear
- O que se sabe sobre o 'submarino Frankenstein' que Coreia do Norte apresentou
- 'Parecia o fim do mundo': as vítimas esquecidas da 1ª explosão de teste de bomba atômica nos EUA
As autoridades dos EUA dizem que Ebisawa – que está detido em uma prisão no Brooklyn, em Nova York – é uma figura importante da máfia japonesa, a Yakuza.
Os criminosos da Yakuza atuam também fora do Japão, em países como Sri Lanka, Mianmar, Tailândia e EUA.
O Departamento de Justiça dos EUA disse que Ebisawa e seus "comparsas mostraram amostras de materiais nucleares na Tailândia" a um agente disfarçado da Agência Antidrogas dos EUA (DEA).
O agente se passava por traficante de drogas e armas com ligações a um general iraniano.
As amostras nucleares – provenientes de Mianmar – foram apreendidas pelas autoridades tailandesas e transferidas para investigadores americanos. Um laboratório dos EUA confirmou que o material continha urânio e plutônio para uso militar.
Os promotores americanos também alegam que Ebisawa tentou adquirir grandes quantidades de armas de uso militar em nome de um grupo rebelde não especificado em Mianmar.
As armas incluíam mísseis terra-ar, rifles de assalto e de precisão, metralhadoras, foguetes de vários calibres e uma variedade de equipamentos táticos.
"É assustador imaginar o que poderia ter acontecido se estes esforços tivessem tido sucesso, e o Departamento de Justiça responsabilizará aqueles que traficam estes materiais e ameaçam a segurança nacional dos EUA e a estabilidade internacional", disse o procurador-geral assistente Matthew G. Olden em um comunicado na quarta-feira (21/2).
Em fevereiro de 2020, Ebisawa teria contatado o agente americano disfarçado oferecendo materiais nucleares. Segundo os promotores dos EUA, ele explicou por meio de comunicações criptografadas que o urânio "não é faz bem para a saúde".
Em setembro daquele ano, Ebisawa supostamente enviou por e-mail ao agente americano uma carta com o nome de uma empresa de mineração. Ele se ofereceu para vender 50 toneladas de urânio e tório por US$ 6,85 milhões (cerca de R$ 34 milhões).
Os promotores também dizem que ele enviou fotografias mostrando "um material rochoso escuro" com um contador Geiger, usado para medir os níveis de radiação.
Ebisawa enfrenta acusações que incluem conspiração para cometer tráfico internacional de materiais nucleares, conspiração para importação de narcóticos, conspiração para adquirir, transferir e possuir mísseis antiaéreos e lavagem de dinheiro.
O outro réu no caso, Somhop Singhasiri, um cidadão tailandês de 61 anos, enfrenta acusações de posse de drogas e armas.
Ambos serão processados em um tribunal federal de Nova York, com audiência marcada para esta quinta-feira (22/2).
- A arma espacial 'preocupante' que a Rússia está desenvolvendo, segundo os EUA
- O que são os mísseis ATACMS que EUA planejam enviar à Ucrânia
- 'Há risco altíssimo de bomba atômica ser detonada por erro', diz Nobel da Paz