Guerra Israel/Hamas

Palestina de 6 anos que estava desaparecida após implorar por socorro é encontrada morta

Hind Rajab estava desaparecida desde o fim de janeiro, após ligar para serviços de emergência suplicando por ajuda; paramédicos que foram atendê-la também forma encontrados mortos neste sábado (10).

Arquivo pessoal/Palestine Red Crescent Society
Hind Rajab, 6 anos, estava fugindo com a família quando o carro em que ela estava foi atacado

Uma menina de 6 anos que desapareceu na Cidade de Gaza no mês passado foi encontrada morta, junto com vários parentes e dois paramédicos que tentaram salvá-la.

Hind Rajab estava fugindo da cidade com sua tia, tio e três primos quando o carro em que estavam parece ter ficado cara a cara com tanques israelenses e foi atacado.

Gravações de ligações entre Hind e atendentes de canais de emergência sugerem que a menina foi a única que ficou viva no carro, escondida das forças israelenses entre os corpos dos parentes.

Enquanto falava com os telefonistas do canal de emergência, a linha foi cortada em meio ao som de tiros.

Os paramédicos da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino conseguiram chegar à área nesta sábado (10/02), que havia sido anteriormente isolada como uma zona de combate ativo.

Eles encontraram o carro Kia preto em que Hind estava com o para-brisa e o painel quebrados, além de buracos de bala espalhados pela lateral.

Um paramédico disse a jornalistas que Hind estava entre os seis corpos encontrados dentro do carro, todos com sinais de tiros e bombardeios.

A poucos metros de distância estavam os restos de outro veículo, completamente queimado e com o motor caído no chão. Esta, diz o Crescente Vermelho, é a ambulância enviada para buscar Hind.

Os profissionais que estavam ali, Yusuf al-Zeino e Ahmed al-Madhoun, foram mortos quando a ambulância foi bombardeada pelas forças israelenses, afirma a organização.

Em um comunicado, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino acusou Israel de ter colocado a ambulância como alvo deliberado assim que esta chegou ao local em 29 de janeiro.

“A ocupação [israelense] teve como alvo deliberado a equipe do Crescente Vermelho, apesar de ter havido coordenação prévia para permitir que a ambulância chegasse ao local para resgatar a menina Hind”, afirmou.

A organização disse à BBC que precisou de várias horas para coordenar o acesso da ambulância com o exército israelense, a fim de enviar paramédicos para atender Hind.

REUTERS
Ambulância onde estavam paramédicos também foi encontrada totalmente destruída

A gravação da ligação de Hind pedindo por socorro, compartilhada publicamente pelo Crescente Vermelho, desencadeou uma campanha para descobrir o seu paradeiro.

Antes do corpo da filha ser descoberto, a mãe de Hind, Wissam, disse que estava esperando pela menina “a qualquer momento, a qualquer segundo”.

Agora, ela exige que alguém seja responsabilizado.

“Para cada pessoa que ouviu a minha voz e a voz suplicante da minha filha, mas não a resgatou, vou interrogá-la diante de Deus no Dia do Juízo”, disse a mãe à BBC.

“Netanyahu [primeiro-ministro de Israel], Biden [presidente dos EUA] e todos aqueles que colaboraram contra nós, contra Gaza e seu povo, rezo contra eles do fundo do meu coração”.

No hospital onde esperava notícias da filha, Wissam ainda segurava a bolsinha rosa que guardava para a menina. Dentro dela, estava um caderno onde Hind praticava sua caligrafia.

“Quantas mais mães vocês estão esperando que sintam essa dor? Quantas crianças mais você quer que morram?”, desabafou.

Pedimos duas vezes ao exército israelense detalhes sobre suas operações na área naquele dia, e sobre o desaparecimento de Hind e da ambulância enviada para resgatá-la. As forças disseram que estavam verificando essas informações.

Pedimos novamente uma resposta às acusações feitas pelo Crescente Vermelho Palestino no sábado.

As normas internacionais de guerra determinam que equipes médicas devem ser protegidas e não ser um alvo no conflito e que as pessoas feridas devem receber os cuidados médicos de que necessitam — na medida do possível e com o menor atraso possível.

Israel acusou anteriormente o Hamas de usar ambulâncias para transportar armas e combatentes.

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