Enviado especial
Baku — Sob os olhares tanto do Ocidente quanto do Oriente, 6,47 milhões de eleitores vão às urnas, nesta quarta-feira (7/2), no Azerbaijão. É a primeira eleição presidencial que será realizada em todo o país, com o fim do conflito armado e a reconquista do território de Nagorno-Karabakh, em setembro do ano passado, pondo fim a uma guerra com grupos separatistas armênios. Mesmo com outros seis candidatos na disputa, nenhum deles será capaz de impedir a reeleição do presidente Ilham Aliyev para mais um mandato de sete anos. Ao todo, 790 observadores internacionais de 89 países, que representam 72 organizações de todo o mundo, foram credenciados para acompanhar e monitorar o processo eleitoral no Azerbaijão.
A campanha terminou às 8h desta terça-feira (1h em Brasília), exatamente 24 horas antes da abertura das seções eleitorais. Durante 23 dias, os candidatos puderam apresentar as propostas aos eleitores, principalmente no rádio e por meio de mensagens de SMS. Nas ruas, quase nenhuma movimentação. Apenas um ou outro cartaz afixado na janela.
Na prática, a campanha foi apenas protocolar. Os debates políticos não mudaram o quadro político, ante a ausência de uma verdadeira proposta alternativa a Aliyev. O presidente azerbaidjano também é elogiado por outros candidatos pelos resultados alcançados, em particular pela reconquista de Karabakh, uma região marcada por conflitos seculares no sul do Cáucaso, que liga a Europa à Ásia.
Além disso, os dois principais partidos da oposição, fora do Parlamento e da vida política oficial do país porque boicotam as eleições de forma contumaz, não apresentaram candidatos. A Frente Popular do Azerbaijão pediu para não votar nas eleições presidenciais. Dessa forma, os outros seis candidatos devem ter apenas votações ínfimas.
De acordo com a Comissão Eleitoral Central (CEC), o Azerbaijão conta com 6.478.623 eleitores registrados em 6.319 seções eleitorais. Há outros 49 locais de votação espalhados em 37 países. A votação termina às 19h desta quarta (meio-dia em Brasília). E a expectativa da Comissão Eleitoral Central (CEC) é divulgar os resultados preliminares na sexta-feira. "Em seguida, serão enviados para o Tribunal Constitucional, que deve homologar e dar posse ao presidente", disse o presidente da CEC, Manahir Pazanov, em entrevista coletiva.
Mudanças climáticas
O Azerbaijão também está no centro dos olhares do mundo, pois vai sediar, no fim do ano, a COP29 — a cúpula do clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Depois da COP28, realizada em Dubai, que sinalizou para a "eliminação gradual" do uso de combustíveis fósseis em todo mundo, o encontro de novembro, em Baku, deve apontar de onde virá o dinheiro para financiar a transição energética. Em 2025, será a vez do Brasil receber a discussão ambiental, com a COP30, em Belém. A expectativa do Itamaraty é de que, no fim do próximo ano, o debate se concentre, efetivamente, na mudança da matriz energética.
Por isso, o Azerbaijão ganha atenção especial. Com uma economia altamente concentrada na exploração do petróleo e do gás natural, o que trouxe muita riqueza e investimentos nas últimas duas décadas, o país é um bom exemplo sobre como enfrentar a prometida transição energética. Representantes de 109 veículos de comunicação de todo o mundo, entre eles o Correio Braziliense, acompanham a eleição no Azerbaijão. Ao todo, são 216 jornalistas credenciados.
O repórter viajou a convite do governo do Azerbaijão