Incêndios

'O Chile chora' com destruição causada por incêndios, diz Boric

Os incêndios começaram na quarta-feira (31), mesmo dia em que uma onda de calor atingiu temperaturas acima de 40ºC, sendo incluído entre os episódios mais graves do século 21, como os da Austrália em 2009 (179 mortos) e os do Havaí em agosto de 2023 (mais de 100)

Após quase uma semana de incêndios no Chile, na região de Valparaíso, sobretudo nas áreas de Quilpué e Villa Independencia, o presidente chileno, Gabriel Boric, convocou o Conselho de Segurança Nacional com 17 ministros na busca de solucionar o rastro deixado por 34 incêndios em combate e 43 controlados. Já confirmadas 122 mortes, 190 desaparecidos, dezenas de desabrigados e 15 mil casas atingidas e 20 mil afetados.

"O Chile inteiro chora por Valparaíso", afirmou Boric, que decretou dois dias de luto, pelos mortos nos incêndios florestais no país que já estão entre os três mais fatais do século 21. Segundo ele, há suspeitas de que os incêndios foram provocados pela ação humana. As investigações prosseguem. O cenário é de destruição e desespero.  

De acordo com a imprensa local, Boric convocou reunião de emergência com o Conselho de Segurança Nacional e participaram também os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e Suprema Corte, além dos comandantes das Forças Armadas, do diretor-geral dos Carabineiros (as polícias municipais) e da Controladoria Geral da República.

Os incêndios começaram na quarta-feira (31), mesmo dia em que uma onda de calor atingiu temperaturas acima de 40ºC, sendo incluído entre os episódios mais graves do século 21, como os da Austrália em 2009 (179 mortos) e os do Havaí em agosto de 2023 (mais de 100). Infelizmente, o prognóstico ainda é negativo. "Os cenários serão propensos a continuar gerando incêndios florestais", alertou o Comitê de Gestão de Riscos de Desastres (Cogrid) de Valparaíso.

Assim, nas ruas cobertas de escombros, carros carbonizados e cinzas, os moradores de Quilpué e Villa Independencia sofrem com a falta de serviços básicos, como ausência de abastecimento de energia, água e telecomunicações. Essas comunidades ao redor de Valparaíso, a cerca de 120 km de Santiago, estão em situação bastante precária.

Dificuldades

Patricia Guzmán, 63 anos, que vive no setor Canal Chacao, devastado pelas chamas, disse que a quadra onde mora permaneceu de pé, mas as dificuldades são diversas. "O mais importante da minha casa foi salvo, mas agora estamos sem luz, não podemos fazer nada nem carregar os celulares. O trânsito está complicado com carros queimados, está tudo devastado", afirmou à Agência France Press. Muitos voluntários se unem aos bombeiros para ajudar as vítimas, que sofrem por falta de alimentos e água, e providenciar barracas. Há, ainda, o trabalho de buscas por pessoas nas áreas incendiadas.

No período de férias de verão, a área que mais sofreu com os incêndios reúne praias que, normalmente, são visitadas por turistas, mas estão esvaziadas em decorrência dos impactos da catástrofe.

Em Villa Independencia, perto de Viña del Mar, que tem o maior número de mortos e danos, Daniela Barraza, 36 anos, mãe de uma criança autista, diz que sobrevive graças à solidariedade de vizinhos. "Meu u filho ficou sem sapatos e minha filha sem roupa, de braços cruzados", disse. A França e a União Europeia ofereceram ajuda ao Chile.

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